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Para inovar, é preciso pensar primeiro dentro da caixa

Preocupadas com o verbo, as empresas parecem ter esquecido o básico: compreender o que está por trás do conceito de inovação.

Paulo Bonucci, vice-presidente e general manager da Red Hat para América Latina (Red Hat/Divulgação)

Paulo Bonucci, vice-presidente e general manager da Red Hat para América Latina (Red Hat/Divulgação)

Inovar, inovar e inovar. Esse tem sido o mantra de dez entre dez organizações em todo o mundo. Preocupadas com o verbo, as empresas parecem ter esquecido o básico: compreender o que está por trás do conceito de inovação. Embora criar ideias disruptivas capazes de romper paradigmas e elevar os negócios a um outro patamar nunca tenha estado tão em voga, é preciso, literalmente, voltar para dentro da caixa para reencontrar a essência dessa palavra.

O termo "inovar” deriva do latim “innovare” que significa "renovar ou mudar". Assim, a inovação pode ser entendida como um processo para trazer uma nova roupagem a algo já existente e não, como costumeiramente aparece, conectada ao desenvolvimento de uma ideia mirabolante ou à introdução de algo completamente novo. O aspecto central da inovação está muito mais conectado a uma sutileza, um posicionamento que permita enxergar além daquilo que se vê.

O relatório IDC FutureScape, divulgado no fim do ano passado, apontou que pelo menos 30% das organizações irão acelerar a inovação em 2021 para apoiar a reinvenção do modelo operacional e de negócios. Para que essa renovação de fato ocorra, não basta que essas companhias estejam focadas no aparato tecnológico. É preciso construir uma cultura que auxilie na mudança de pensamentos, comportamentos e tomadas de decisões, capaz de encontrar novas formas de gerar valor.

Fazendo a lição de casa

Empresas ligadas a setores mais tradicionais, como o financeiro, ou a indústrias centenárias, têm corrido atrás de companhias nativas da era digital – as famosas startups, como fintechs, martechs, lawtechs, edutechs, entre outras – na busca de uma receita para a inovação. Segundo levantamento feito pela plataforma 100 Open Startups, em cinco anos, o volume de acordos fechados entre a "velha economia" e os novos empreendedores cresceu 20 vezes.

Embora esse seja um caminho interessante, levando em consideração que a inovação nunca foi um processo isolado, é necessário fazer a lição de casa antes de ir para o mercado. Começar implementando uma cultura dentro de casa que estimule a criatividade e a troca de ideia entre os colaboradores, permite encontrar gaps em processos e entregas que podem ser remodelados e melhorados, gerando um campo fértil para a inovação. A partir daí, segue-se um exercício contínuo envolvendo mais e mais públicos – parceiros, fornecedores, clientes – para avançar em novas direções e soluções.

O futuro é agora

Uma inovação bem-sucedida não significa se tornar um unicórnio ou uma máquina tecnológica. Mas é sim sinônimo de evolução sustentável, a fim de manter negócios perenes e atrativos, tanto para consumidores como para investidores e talentos do mercado. Os novos profissionais são apaixonados por propósito e pela liberdade de criar, transmitindo suas ideias e sendo ouvidos como parte do processo. E inovar é isso: dar voz, diversificar e incluir para solucionar problemas e encontrar formas de ir além. Transformar uma experiência, por exemplo, pode ter muito mais impacto do que entregar um produto ou serviço completamente novo. A sensibilidade é, na verdade, o que guia a inovação.

Foi baseada nesse conceito que nasceu a tecnologia open source. Um olhar diferenciado, combinado à colaboração de uma vasta comunidade complementar, tornou o código aberto uma das mais importantes alavancas para auxiliar na mudança de comportamento e na compreensão da inovação em sua forma mais pura. Apoiando a inovação aberta e a troca de ideias, essas soluções complementam um ciclo virtuoso que torna o ato de inovar não uma obrigação, mas um fator intrínseco aos processos e uma missão verdadeiramente transformadora.

Decisiva para os negócios, a inovação não deve ser vista como um movimento futuro. Ela precisa acontecer no hoje, no agora. Quando uma empresa identifica e explora as dimensões de inovação em seus mais variados níveis, pode destravar um enorme potencial e transformá-lo em vantagem competitiva. E para dar o primeiro passo nessa caminhada, antes de pensar fora da caixa, que tal olhar para dentro dela?

*Paulo Bonucci é vice-presidente e general manager da Red Hat para América Latina

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