O bitcoin foi a primeira aplicação em massa bem-sucedida do blockchain, mas se engana quem acha que as criptomoedas são a única possibilidade desta tecnologia. Grandes nomes das finanças apostam em outras aplicações do blockchain para resolver problemas financeiros da população no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

O segundo dia da edição anual da conferência em 2023 teve discussões cujo foco deixou de ser o caráter especulativo do investimento em criptomoedas para dar destaque às soluções já criadas ou que podem ser criadas utilizando a tecnologia blockchain.

“É importante não confundir criptomoedas e CBDCs, stablecoins e DLT…. eles são muito diferentes”, disse o presidente e CEO do PayPal, Dan Schulman.

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Apesar da queda das criptomoedas em 2022 no que ficou conhecido como inverno cripto, “a tecnologia subjacente funcionou perfeitamente”, acrescentou o executivo da gigante de pagamentos. “A promessa de um livro-razão distribuído é que ele pode ser mais rápido e barato, para liquidar transações simultaneamente sem intermediários. Isso é uma coisa importante”.

Desde apoiar soluções climáticas e fornecer ajuda humanitária, o blockchain pode ter um papel importante em uma série de questões do dia a dia da população quando o assunto é dinheiro.

Entre os benefícios do blockchain para as finanças, Lynn Martin, presidente da Bolsa de Valores de Nova York, citou a emissão de ações. A tarefa poderia ser executada de forma mais eficiente ou permitir que a liquidação de transações financeiras fosse instantânea com o blockchain, segundo Martin.

“Agora, algumas das tecnologias foram adotadas e usadas para realmente tornar os processos muito mais eficientes”, afirmou. O ex-governador do banco central indiano, Raghuram Rajan, também exibiu a mesma postura em relação ao tema no evento.

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que ajudou a abalar o mercado de criptomoedas no início de 2022, ainda foi um tema amplamente discutido no Fórum Econômico Mundial de 2023.

Carmen Hutt, tesoureira do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, detalhou como seria um projeto piloto que desenvolve com o blockchain Stellar Network para promover ajuda humanitária na Ucrânia.

O aplicativo de pagamentos em blockchain seria a solução para a distribuição de ajuda financeira aos afetados pela guerra. Lançado como piloto em dezembro, ele estaria em um estágio de desenvolvimento “mais avançado do que se poderia esperar”, segundo Hutt, que ainda salientou que colocar doações no blockchain promete “transparência e visibilidade”, além de tornar o processo instantâneo.

“Essa é uma proposta incrível…. Se conseguíssemos US$ 500 milhões para implantar, poderíamos fazer isso hoje. Portanto, este não é um processo que levará semanas e meses”, disse Hutt. O vice-primeiro-ministro da Ucrânia também elogiou a contribuição em criptomoedas para a Ucrânia na guerra.

Outra solução em blockchain mencionada em Davos foi a iniciativa climática desenvolvida pela Solana e Ripple ao Global Blockchain Business Council. Ela poderá canalizar a manutenção de registros transparentes do blockchain para ajudar a melhorar as emissões de carbono e o rastreamento de crédito.

Apesar do grande destaque às possibilidades do blockchain para além das criptomoedas, que ficaram em segundo plano no evento, houveram elogios para Ethereum e Stellar, por exemplo.

No entanto, a tecnologia que mais animou os presentes no Fórum de Davos é a inteligência artificial, segundo Dan Schulman, do PayPal, Lynn Martin, da Bolsa de Valores de Nova York e Ronald O'Hanley, da State Street

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