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Seu Guru, a startup de benefícios e seguros para autônomos, mira 10 mil clientes no ano

Plataforma conquistou 6.500 clientes em apenas seis meses de vendas

O Guru: plataforma, em breve, terá também ferramentas para registro de MEI
O Guru: plataforma, em breve, terá também ferramentas para registro de MEI
GV

20 de junho de 2022 às 17:16

“Montamos a plataforma pensando em usar a tecnologia para vender seguros, um mercado conhecidamente subdesenvolvido no Brasil, principalmente para profissionais autônomos. Mas percebemos que esse público tem muito mais dores do que só o seguro. Há toda uma lista de benefícios que essas pessoas são excluídas por não fazerem parte de grandes empresas e que gostariam de ter”, conta Felipe Souza, um dos sócios fundadores da plataforma Seu Guru.

Foi assim, partindo da experiência, que os três fundadores do negócio decidiram mudar o modelo de vendas. De seguros, para uma plataforma mais ampla de benefícios, produtos e serviços. E tudo aconteceu bastante rapidamente. Com um ano e meio de vida, a startup já acumula uma ‘pivotada’ e uma reorganização de sócios. De quatro fundadores, ficaram três.

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Ambos são movimentos rotineiros da vida de uma novata do ambiente tecnológico. Mas eles chamam mais atenção quando, dos três sócios, dois têm menos de 20 anos. Por trás da Seu Guru estão Thiago e Felipe Souza, ambos filhos de Pércio de Souza, da boutique de M&As e gestão de negócios Estáter, com 19 e 17 anos, respectivamente.  O terceiro sócio é Guto Ramos, com 35, egresso do setor de seguros — com tempo de vida em casas como Unibanco, Porto Seguro e AIG — e com duas startups no currículo.

Exceto o fato de terem sido encubados pela Estáter, com uma rodada anjo de R$ 5 milhões, os sócios têm vida totalmente autônoma. E explicam, quando questionados sobre qual a razão para montar uma empresa ainda tão jovens, que trabalho, realização, aprendizado e prazer estão totalmente misturados na Seu Guru. O negócio não dá descanso. Eles já entenderam perfeitamente isso, ao passarem as férias e até o feriado de Carnaval dedicados, eles mesmos, a fazer o atendimento ao cliente, para não deixar ninguém na mão.

A plataforma tem atualmente 6.500 usuários clientes. Nessa conta, estão 2.000 avulsos, obtidos diretamente pela Seu Guru, em mar aberto, e mais 4.500 do modelo white label, no qual a solução da plataforma é “empacotada” por uma outra empresa para sua força de terceirizados. A crença do trio é que serão 10.000 clientes, só nos diretos, até o fim deste ano, o que garantirá o breakeven da operação. As vendas começaram efetivamente no fim de dezembro de 2021.

Seu Guru autônomos benefícios e seguros

Trio de fundadores da Seu Guru: Thiago Souza, Felipe Souza e Guto Ramos (da esquerda para direita) (Leandro Fonseca/Exame)

“Esse número é factível mesmo se tivermos um ritmo de crescimento que é metade do atual”, comenta Guto. Hoje, a plataforma cresce a uma taxa de 60% em usuários ativos por mês — e isso praticamente sem publicidade digital, além de esforços de SEO. Desde janeiro, a receita mensal se multiplicou por 10.

O formato white label também promete uma avenida importante de expansão. Em apenas um mês, diante da mudança da regulação no setor de delivery, o trio desenvolveu um produto de seguros para os entregadores. Hoje, na carteira de clientes, além de pequenos negócios, estão nomes como a Uello, adquirida recentemente pela Renner, e a James Delivery, do Grupo Pão de Açúcar. “Mas estamos em conversas com todas as grandes desse mercado”, diz Felipe.

“Nosso propósito é trazer segurança e benefícios para o autônomo e para o micro e pequeno empreendedor”, enfatiza Thiago Souza, agora com a missão da Seu Guru redefinida. O objetivo é criar entre esse público um senso de comunidade, de pertencimento, que até hoje não estava disponível para eles por não estarem ligados a uma empresa, explica. Hoje, cerca de 50% das adesões se dão por indicação. “Isso mostra que estamos no caminho certo no nosso objetivo de comunidade”, comenta ele.

No caso dos entregadores, por exemplo, a Seu Guru atua em parceria com a AIG, com quem desenvolveu um seguro bastante específico para esse público. “A rotina desse profissional já é suficientemente estressante. Sabemos como pode ser tranquilizador a noção de que estará coberto em caso de acidentes, para despesas hospitalares, de medicamentes e até mesmo de ganhos mensais, para o período em que não puder estar trabalhando, até sua recuperação”, comenta Thiago.

Entre dezembro de 2020, data da criação da Seu Guru, e dezembro de 2021, quando a empresa efetivamente começou as vendas, foi um ano de pesquisa junto aos potenciais clientes para definir exatamente o que e como vender, enquanto construíam a base tecnológica da plataforma. Por isso que os sócios dizem que a empresa foi “fundada” duas vezes. Para completar, vieram os aprendizados junto com as vendas.

O que esse grupo de jovens notáveis entendeu rapidamente foi o drama das demais insuretechs do país: a indústria ainda tem forte relação com o papel dos corretores, mesmo após a digitalização ter tornado a figura desse profissional tecnicamente dispensável. “Quando a gente pesquisava, por exemplo, o interesse por seguro saúde, percebemos que esse público também queria muito algum serviço de prevenção e qualidade de vida”, conta Guto. Foi assim que a Seu Guru foi atrás da Gympass, cujo público é definido por empresas, e conseguiu uma parceria inédita para levar esse benefício a esse público.

No início da Seu Guru, os sócios viam os benefícios e serviços como uma forma de agregar valor e complementar a oferta de seguros. Com as entrevistas e a experimentação de mercado, se deram conta de que os benefícios eram, na verdade, a porta de entrada dos clientes. Hoje, estão na plataforma, além de parcerias com a Too Seguros (BTG Pactual e Banco Pan), Argo e AIG, Gympass, Tem Saúde e o Clube de Descontos da Allya, com vantagens para compras no Magazine Luiza, Cinemark, entre outros.

“Ao criar o senso de comunidade e segurança, os clientes ganham confiança para então contratar o seguro, algum tempo depois”, comenta Felipe. “As pessoas sabem que vão precisar do seguro, seja de vida, acidentes, empresarial, no pior momento e não querem correr risco nessa contratação. E ainda existe uma resistência na compra totalmente digital. Só que depois de conhecer a plataforma, essa preocupação diminui muito”, complementa ele.

Um site novo, totalmente atualizado para o novo modelo de negócios deve ir ao ar no mês de julho. Assim como era com seguros, a ideia é continuar totalmente “modulável” às necessidades que cada um julgar importante. “Sabemos que a vida do microempreendedor no Brasil é de uma batalha a cada dia e que as necessidades podem mudar do dia para a noite”, ressalta Thiago, que com dez anos de idade, devido à paixão por games, já fazia programação.

No mapa de novidades da Seu Guru, estarão ainda, além de novos parceiros, uma ferramenta que permitirá ao usuário formalizar seu negócio, criando um registro MEI, diretamente a partir da plataforma. “Eu fui tentar obter meu registro sozinho e encontrei informações conflitantes. Não é fácil. Tem muita gente que não se formaliza por falta de informação e ferramentas”, comenta Thiago. Com essa solução, o usuário vai poder tirar o registro e já pagar seus impostos, além de contratar múltiplos benefícios, com um único pagamento.

Captações

A Seu Guru, embora reforce ainda ter um colchão de liquidez fruto da incubação pela Estáter, deve ir à mercado ainda neste ano, para uma rodada. Em fevereiro, a startup chegou a abrir uma tentativa, mas foi quando a necessidade de revisão do quadro de sócios de impôs e a iniciativa teve de ser abortada. Saiu Rodrigo Castanho da sociedade. “Foi super amigável. Zero estresse, mas entendemos que seria o melhor para todos e para a empresa. No fim das contas isso foi bom, porque estávamos indo ao mercado com 1/10 da receita atual, e sem precisar naquele momento”, conta Felipe.

Aos 17 anos, um de seus maiores interesses é a formação das bolhas da economia. “A gente sabia que estava vivendo uma. Eu e meu pai esperávamos que ela [a bolha do venture capital] estourasse em setembro. Erramos por alguns meses. No começo do ano, chegamos, eu e os sócios, a pensar que tínhamos de aproveitar essa onda de liquidez antes que terminasse. Mas era cedo demais.”

Os três estão cientes de que capital será importante para expansão. Hoje, o negócio tem um custo de aquisição por cliente (CAC) muito baixo, quase totalmente orgânico. Mas o trio sabe que, para novos produtos, o investimento em mídia é relevante. “Pelo menos na fase inicial de cada novidade, as campanhas são importantes até sermos relevantes naquilo. Depois, o orgânico ganha força.” O gasto com marketing digital pago hoje é 70% inferior ao que era em janeiro, por exemplo.

A lista de planos é longa. Os sócios entenderam que a oportunidade, para eles, também está nessa distribuição por comunidade, uma vez que o modelo de parceria pode torná-los um parceiro interessante, como canal, de qualquer companhia que quiser vender serviços para o seu público. "Temos a pirâmide toda como cliente, desde o salão de beleza de bairro, ou a manicure, até médicos e advogados", completa Guto. "É interessa porque 80% das demandas e interesses são as mesmas, não importando o segmento de atuação."

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