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BTG Pactual: mesmo com Americanas, lucro recorde de R$ 8,3 bilhões em 2022

Banco lançou provisão de R$ 1,2 bilhão e, sem ela, última linha acumularia R$ 8,9 bilhões no ano passado

BTG Pactual: receita líquida recorde de R$ 17,25 bilhões em 2022, mesmo com provisão extraordinária
BTG Pactual: receita líquida recorde de R$ 17,25 bilhões em 2022, mesmo com provisão extraordinária
GV

13 de fevereiro de 2023 às 06:39

O Banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) registrou um lucro líquido contábil de R$ 2,35 bilhões no quarto trimestre de 2022. O número equivale a um crescimento da ordem de 30% em comparação ao R$ 1,79 bilhão de resultado na última linha de igual período de 2021. No acumulado do ano, a expansão foi de 37%, para R$ 8,9 bilhões, um recorde na história da instituição.

Contudo, a decisão de lançar uma provisão de R$ 1,2 bilhão em decorrência do escândalo contábil em Americanas fez o desempenho do quarto trimestre mostrar lucro líquido de R$ 1,77 bilhão, praticamente estável na comparação anual, e o acumulado de 2022 somar R$ 7,84 bilhões, uma alta de 20,6%. O lucro líquido ajustado do ano, usado como referência pela instituição, foi de 8,3 bilhões. Um aumento de 28% na comparação com 2021. O banco não cita o nome da empresa como é praxe no setor, mas os números não deixam margem para dúvida, dado o tamanho do ajuste. Mesmo assim o desempenho anual é uma marca histórica.

Ainda que considerada a provisão, o retorno médio sobre patrimônio anualizado (ROEA) de 2022 ficou em 20,8%, acima até mesmo de 2021, quando foi de 20,3%. Sem esse evento, o indicador teria alcançado 22,1%. Apesar do impacto, o ROEA do BTG Pactual ficou substancialmente acima do que foi registrado pelos grandes bancos comerciais. No Santander, esse índice foi de 16,3% no ano passado, enquanto no Itaú e Bradesco ficou em 15,4% e 13,1%, respectivamente.

O BTG tem R$ 3,5 bilhões em créditos contra a varejista. Desse total, porém, R$ 400 milhões estão cobertos por seguro. A exposição total está em R$ 1,9 bilhão, pois houve uma compensação de R$ 1,2 bilhão de recursos que a Americanas possuía em investimentos em CDBs e letras financeiras da casa. Na sexta-feira da semana passada, o direito a essa compensação, prevista em contrato, foi reconhecido judicialmente.

A provisão reflete a reclassificação do crédito como do tipo E, que demanda ao menos 30% de cobertura. Descontada a parcela do crédito com seguro, a decisão do banco foi fazer uma cobertura de quase 39%.

“Em 2022 entregamos recordes de receita e lucro líquido, apesar do ambiente macroeconômico mais desafiador e de eventos não recorrentes que impactaram nosso resultado. Nossa performance reflete a diversificação das nossas áreas de negócio e a excelência dos nossos serviços prestados à clientes e parceiros. Apesar de todos os desafios, esperamos retornos superiores em 2023, com maior alavancagem operacional e níveis de capital e liquidez possivelmente ainda superiores.”, afirma Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, em comunicado sobre os resultados.

O Índice de Basiléia, indicador internacional de solvência do setor, ficou em 15,1%, a despeito da provisão e do pagamento de R$ 1,3 bilhão em juros sobre capital próprio no quarto trimestre.

Receitas

O desempenho da rentabilidade da instituição, mesmo com o evento extraordinário de Americanas, é reflexo de um processo de diversificação de receitas e alavancagem operacional que se consolidou ao longo dos trimestres de 2022 — mas que ainda reserva espaço de crescimento. O índice de eficiência da instituição (cost to income) ficou em 40% em 2022, o mesmo de 2021, e abaixo da média história do banco, entre 42% e 44%. Na prática, isso significa que o crescimento de receita trouxe margem extra, tendência que deve continuar se repetindo. Ou seja, sempre que as receitas tiverem alta, o lucro aumenta em proporção ainda maior. No acumulado do ano, a receita total foi de R$ 17,25 bilhões, já descontada a provisão para Americanas. Sem esse efeito, soma R$ 18,45 bilhões, um aumento de 38,5%. Com ou sem provisão, são números recordes para o banco.

A carteira de crédito do BTG terminou dezembro em R$ 144 bilhões, uma expansão de 35%. A receita de empréstimos, incluindo pequenas e médias empresas, somou R$ 105 milhões — pois nessa linha foi reconhecida 94% da provisão relacionada à Americanas.  Sem esse efeito não recorrente, a receita teria somado R$ 1,23 bilhão no quarto trimestre e R$ 3,86 bilhões no ano, com expansão da ordem de 30% e 40%, considerando as receitas recorrentes dessa área em 2021.

A receita de asset management ficou em R$ 429 milhões entre outubro e setembro e R$ 1,55 bilhão no acumulado do ano, um recorde. Marca história também foi verificada em wealth management, que alcançou R$ 686 milhões nos três últimos meses de 2022 e R$ 2,53 bilhões no total anual.

Ao fim de dezembro, o total sob gestão no banco, desses dois segmentos, alcançou R$ 1,3 trilhão. Houve captação líquida de R$ 68 bilhões no quarto trimestre de R$ 254 bilhões no ano.

A área de Investment Banking, apesar do cenário desafiador, apresentou receita de R$ 485 milhões de outubro a dezembro, um aumento de 17% em relação a igual período de 2021. No ano, a área atingiu R$ 1,8 bilhão em receitas, o segundo melhor resultado da história, com forte contribuição das frentes de emissão de dívida e fusões e aquisições, que tiveram desempenho recorde. Esses dois segmentos ajudaram a compensar a baixa atividade em emissões de ações.

Sales & Trading, frente de negócios tradicional da instituição, mostrou receita de R$ 1,13 bilhão e R$ 5,38 bilhões no quarto trimestre e no acumulado do ano passado, respectivamente. Os números contêm uma provisão de R$ 77 milhões, também relacionada à Americanas.

 

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