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No 1° dia, Biden revoga oleoduto, faz moratória e volta ao Acordo de Paris

O novo presidente americano coloca o meio ambiente como prioridade e desfaz parte das políticas instituídas por Donald Trump

Biden em seu primeiro dia como presidente: revogação de medidas polêmicas adotadas por Donald Trump na área ambiental (Jim Lo Scalzo/Reuters)

Biden em seu primeiro dia como presidente: revogação de medidas polêmicas adotadas por Donald Trump na área ambiental (Jim Lo Scalzo/Reuters)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 17h49.

Joe Biden já está sendo chamado de “presidente verde”. Em seu primeiro dia, ele justificou o apelido. Entre as 17 medidas preparadas para serem assinadas horas depois da posse, estão três grandes polêmicas ambientais geradas por seu antecessor, Donald Trump, que serão revogadas.

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De cara, Biden retornará os Estados Unidos ao Acordo de Paris. Essa talvez tenha sido a ação mais relevante de Trump para a destruição do arcabouço regulatório ambiental da maior economia do mundo. Porém, a pandemia acabou por torná-la quase sem efeito. Isso porque a Conferência do Clima da ONU (COP) que seria realizada em 2020 na Escócia foi remarcada para dezembro de 2021. Dessa forma, os americanos não ficarão de fora de nenhuma COP, evento em que são regulamentados os artigos do Acordo.

Além de reassinar o Acordo de Paris, Biden irá revogar a permissão para a construção do oleoduto Keystone XL, que liga o Canadá ao estado americano de Nebraska. A obra foi alvo de protestos intensos de ambientalistas e, principalmente, povos indígenas. Em 2015, o democrata Barack Obama, que tinha Biden como vice, já havia revogado a permissão para a obra, iniciada em 2010. Trump, no entanto, retomou os trabalhos.

Cercada de polêmicas, a construção do oleoduto é defendida pelo governo canadense. Porém, indígenas tanto do Canadá quanto dos Estados Unidos entraram com ações na Justiça contra o empreendimento, alegando que ele coloca em risco os rios nas regiões em que passa, além de ocupar terras tradicionais sobre as quais os povos nativos não foram consultados.

Outro problema é o tipo de petróleo que ele carrega, retirado dos campos arenosos de Alberta, no Canadá. Segundo o Greenpeace, esse tipo de exploração emite 30% mais carbono do que os poços convencionais de petróleo.

Uma terceira medida ambiental prometida por Biden é a instauração de uma moratória temporária ao financiamento de projetos de petróleo na região do Ártico, no Alasca. Trump concedeu permissão para a exploração na costa do estado gelado, onde está localizado um refúgio de vida selvagem. Assim como Keystone, esses projetos são objeto de antigas e longas batalhas jurídicas entre a indústria e ambientalistas.

Guinada ambiental

Segundo analistas, Biden deve promover uma guinada completa na política ambiental dos Estados Unidos, que ficará mais parecido com a Europa de hoje do que com o país nos tempos da Guerra Fria, passado vangloriado por Donald Trump em seu saudosismo populista. O Green New Deal, modelo de transição para a economia de baixo carbono promovido por uma ala forte do Partido Democrata, cujo maior expoente é a jovem Alexandria Ocasio-Cortez, tem grandes chances de avançar.

“As mudanças serão percebidas nos 100 primeiros dias”, afirma Stefano De Clara, diretor da Associação Mundial de Mercados de Emissões (IETA), entidade criada para estabelecer diretrizes de comercialização de carbono. “Em vários aspectos, será uma postura muito mais alinhada com a União Europeia.”

O velho continente é o bloco que vem puxando a agenda da nova economia. Lançado durante a pandemia, o programa Green Deal prevê mais de 600 bilhões de euros em investimentos na economia de baixo carbono. A Europa também pressiona para regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado de carbono global.

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