Gasto global em transição energética soma recorde de US$ 500 bi
Os investimentos na transição para uma economia de baixo carbono marcaram um aumento de 9% em relação a 2019, apesar dos problemas causados pela pandemia
Leo Branco
Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 17h23.
Última atualização em 19 de janeiro de 2021 às 17h25.
Os gastos globais em energia renovável, veículos elétricos e outras tecnologias para reduzir a dependência do sistema de energia mundial dos combustíveis fósseis atingiram recorde de US$ 501,3 bilhões em 2020.
Os investimentos na transição para uma economia de baixo carbono marcaram um aumento de 9% em relação a 2019 e ocorreram apesar dos problemas causados pela pandemia de Covid-19, segundo relatório divulgado na terça-feira pela BloombergNEF.
O crescimento não foi uniforme ao redor do mundo. O investimento em capacidade de energia renovável, que respondeu pela maior parte dos gastos calculados pela BNEF, disparou 52% na Europa em comparação ao ano passado. Mas caiu 20% nos EUA, e 12% na China.
O investimento recorde coincide com a maior pressão para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar os efeitos mais graves da mudança climática. Mas mesmo o enorme aumento dos gastos com parques eólicos e solares, armazenamento de energia e veículos elétricos não será suficiente para cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius.
“Anima muito que o nível de investimento seja alto, mas está bem aquém do que seria necessário para colocar o mundo em uma trajetória de 2 graus de aquecimento global”, disse em entrevista Angus McCrone, editor-chefe da BNEF.
Os investimentos em energias renováveis aumentaram 2% globalmente, impulsionados pela maior expansão em energia solar de todos os tempos e salto de 56% de projetos eólicos offshore, para US$ 50 bilhões, de acordo com o relatório.
Embora não tenha sido um ano recorde para gastos em eletricidade limpa, os custos em queda permitiram às incorporadoras instalar mais capacidade de energia renovável do que nunca, adicionando 132 gigawatts de energia solar e 73 gigawatts de eólica.
A queda de investimentos em energia limpa nos EUA no ano passado segue um recorde em 2019, quando incorporadoras de parques eólicos aceleraram projetos para aproveitar os créditos fiscais antes que expirassem.
“A pandemia de coronavírus impediu o avanço de alguns projetos, mas o investimento geral em energia eólica e solar tem sido robusto e as vendas de veículos elétricos aumentaram mais do que o esperado”, disse Jon Moore, diretor-presidente da BNEF. “A ambição das políticas aumenta claramente à medida que mais países e empresas se comprometem com metas” para zerar emissões líquidas, acrescentou.
Um dos fatores de maior impulso dos novos gastos em transição energética foi o transporte limpo. A Europa liderou, com investimentos de US$ 64,7 bilhões em transporte elétrico, ultrapassando a Ásia pela primeira vez. A China ficou em segundo lugar, com US$ 45,3 bilhões em investimentos, o menor valor gasto no setor desde 2016, segundo a BNEF.
E à medida que o salto das ações da fabricante de veículos elétricos Tesla tornava Elon Musk o homem mais rico do mundo, a competição crescia. Empresas de veículos elétricos levantaram cerca de US$ 24,5 bilhões nos mercados acionários no ano passado em relação a apenas US$ 1,6 bilhão em 2019.
O investimento global em captura e armazenamento de carbono triplicou para quase US$ 3 bilhões em 2020, de acordo com o relatório. Essa tecnologia pode desempenhar um papel fundamental na redução das emissões de setores altamente poluentes. Grande parte do crescimento de 2020 foi impulsionado pelo governo norueguês, que deu sinal verde para um novo projeto que armazenará as emissões de carbono sob o Mar do Norte.