Discussão sobre US$ 100 bi de financiamento ambiental tem de ser retomada na COP, diz Ana Toni
Na avaliação de Toni, o segundo ponto de destaque a ser tratado na conferência diz respeito à definição de uma nova promessa de financiamento dos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento
Agência de notícias
Publicado em 27 de outubro de 2023 às 16h36.
Última atualização em 27 de outubro de 2023 às 17h58.
A secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) , Ana Toni, afirmou nesta sexta-feira, 27, que a discussão sobre a promessa dos países desenvolvidos de financiamento climático anual de US$ 100 bilhões deve ser retomada na COP28, que acontece nos Emirados Árabes em dezembro. O financiamento foi prometido pelos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento em 2009, mas ainda não foi implementado, e tem sido alvo de críticas do governo federal.
"Os US$ 100 bilhões foram prometidos na COP15 e é um tema que temos de colocar para trás, porque é algo que está corroendo a confiança na COP. Sabemos que precisamos de muito mais de US$ 100 bilhões por ano, e por isso é fundamental que isso seja tratado na COP", reforçou a secretária durante participação no evento Brasil pelo Meio Ambiente (BPMA), na Amcham Brasil, em São Paulo.
Nova promessa de financiamento
Na avaliação de Toni, o segundo ponto de destaque a ser tratado na conferência diz respeito à definição de uma nova promessa de financiamento dos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento. "Nessa COP queremos já alguma definição de quantos recursos estarão incluídos nas promessas para o período entre 2023 e 2025", pontuou.
A secretária ainda ressaltou que a Conferência deste ano também deverá se dedicar a discutir uma "mobilização mais ampla da economia mundial" sobre o financiamento de ações sustentáveis. "Temos de avaliar como mobilizar o sistema financeiro para começar a valorizar esse financiamento sustentável e deixar os tipos de financiamentos que não cabem mais no mundo" explicou. "Não adianta colocar o pé no acelerador para energia renovável sem tirar o outro pé do acelerador nas alternativas poluentes", acrescentou.
Contexto geopolítico
Durante sua fala, Toni ainda lembrou que a próxima COP irá acontecer em um contexto político "complicado", em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia e aos recentes conflitos envolvendo Israel e o grupo Hamas. "A prioridade do nosso governo é assegurar uma atmosfera de confiança", destacou a secretária, reforçando que o presidente da COP terá de fazer um "esforço grande" para alinhar toda a comunidade internacional.
Na avaliação de Toni, o Brasil também deverá usar a conferência para reafirmar seus compromissos ambientais, com destaque para as iniciativas em direção à descarbonização e de garantia de um desenvolvimento "economicamente sólido e socialmente justo". Ela ainda reforçou a importância da garantia de investimentos para projetos sustentáveis, uma vez que o país "não tem essa folga fiscal".