Bancos na América Latina ainda ignoram potencial da economia prateada, diz estudo
Falta de serviços específicos para a população acima dos 50 anos revela insatisfação da população em serviços como poupança, crédito, seguros e meios de pagamento
Repórter de ESG
Publicado em 24 de dezembro de 2024 às 11h00.
O setor financeiro latino-americano pode estar perdendo uma oportunidade significativa ao não focar adequadamente no público com mais de 50 anos.
Um estudo realizado pela consultoria Data8 em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) indica que esse segmento populacional, quando não afetado pela vulnerabilidade socioeconômica, representa um grupo de consumidores com maior solidez financeira, investimentos mais expressivos e menor tendência a inadimplência.
"Mesmo os mais vulneráveis são clientes potenciais, pois representam um grupo com necessidades não satisfeitas em termos depoupança , crédito, seguros, meios de pagamento e outros serviços não financeiros", afirma Layla Vallias, cofundadora da Data8 e coordenadora da pesquisa.
Etarismo: o que é, causas e consequências do fenômenoA pesquisa revela um cenário complexo no que diz respeito à digitalização bancária entre os mais velhos. Enquanto 75% das pessoas com mais de 50 anos na América Latina e Caribe possuem conta em banco tradicional,apenas 15% utilizam serviços bancários digitais.
O acesso digital também apresenta forte disparidade conforme a faixa de renda. Entre aqueles que recebem até dois salários mínimos mensais, 46% utilizam dispositivos móveis para acessar instituições financeiras. Esse número salta para 87% entre pessoas com renda superior a dez salários mínimos mensais.
Desafio da inclusão
O estudo aponta que 74% da população da América Latina e Caribe está bancarizada, com um crescimento expressivo durante a pandemia de Covid-19, quando osbancos digitaisregistraram um aumento de 200% em sua base de clientes, incluindo muitos com mais de 60 anos.
No entanto, persiste uma desigualdade significativa: 40% das pessoas com 50 anos ou mais que recebem até dois salários mínimos mensais não possuem qualquer produto financeiro, segundo dados do estudo Tsunami Latam, também conduzido pela Data8.
"O estudo deixa clara a demanda por uma mudança na concepção de soluções financeiras que abarque diferentes espectros dos prateados: baixa, média e alta renda, inclusive", ressalta Cléa Klouri, cofundadora da Data8 e coordenadora da pesquisa.