Economia

Venezuela vai cortar seis zeros da moeda para combater hiperinflação

A medida era esperada por especialistas em meio a uma inflação galopante de 2.959,8% em 2020

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante cerimônia em Caracas. (Manaure Quintero/Reuters)

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante cerimônia em Caracas. (Manaure Quintero/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de agosto de 2021 às 13h42.

Última atualização em 5 de agosto de 2021 às 13h53.

Na tentativa de conter a inflação galopante dos últimos anos e estabilizar a economia nacional, a Venezuela vai cortar seis zeros do bolívar, moeda nacional, a partir de outubro, anunciou o Banco Central da Venezuela (BCV). A reconversão monetária, terceira em 15 anos, também trará como novidade a implantação do bolívar digital - moeda digital, sem versão física, emitida pelo Banco Central do país.

O anúncio foi feito pelas autoridades venezuelanas nesta quinta-feira, 5, e entrará em vigor no dia 1º de outubro. "A partir de 1º de outubro de 2021, o bolívar digital entrará em vigor, aplicando-se uma escala monetária que retira seis zeros à moeda nacional. Ou seja, todos os valores monetários e tudo expresso em moeda nacional serão divididos por um milhão (1.000.000)", diz o comunicado do BCV, divulgado pelo ministro da Comunicação, Freddy Ñáñez.

Na mesma data do lançamento da moeda digital, começarão a circular também as novas notas impressas, nos valores de 5, 10, 20, 50 e 100 bolívares, e uma moeda de 1 bolívar, informou o ministro.

"A introdução do bolívar digital não afeta o valor da moeda, ou seja, o bolívar não vai valer mais ou menos, apenas que para facilitar seu uso está sendo realizada uma escala monetária mais simples", acrescenta o comunicado do BCV.

O objetivo é "manter a inclusão" de todos os venezuelanos "e atender às suas necessidades de transação em todo o território nacional". Por isso, ressaltam que o BCV "continuará a atender à emissão do bolívar na sua expressão física".

A medida era esperada por especialistas em meio a uma espiral inflacionária que fechou em 2020 com 2.959,8% da inflação acumulada e em 2019 com 9.585,5%, segundo dados do BCV. A decisão também visa "facilitar" o uso do bolívar, atingido por uma inflação acumulada de 264,8% entre janeiro e maio segundo o BVC.

Venezuela vai cortar seis zeros da moeda para tentar controlar hiperinflação

O comunicado acrescenta que "esta mudança na escala monetária" se baseia "no aprofundamento e desenvolvimento da economia digital" na Venezuela e considera-a "um marco histórico necessário no momento em que o país inicia a trajetória de recuperação econômica".

Na Venezuela, o dinheiro em bolívares é escasso e é comum ver longas filas nos bancos. O bolívar acabou sendo substituído pelo dólar, que se tornou a moeda de fato no país.

É cada vez mais comum que os preços de qualquer comércio sejam refletidos em dólares e os pagamentos sejam feitos em moeda estrangeira. O pagamento em moeda local normalmente é feito por cartão de débito ou transferência bancária.

Em 2007, a Venezuela passou por um primeiro processo de reconversão com a eliminação de três zeros da moeda que se tornou o forte bolívar, no governo de Hugo Chávez. Em 2018, ocorreu outro processo, conduzido pelo presidente Nicolás Maduro que culminou com o nascimento do atual bolívar soberano, que retirou outros oito zeros da moeda. 

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