Economia

Tirar a Grécia do euro é mais caro do que reduzir a dívida

Uma “Grexit” custaria aos credores quase 100 bilhões de euros a mais do que manter a Grécia na Zona do Euro, segundo especialista


	Grécia: “o que isto nos transmite é que os responsáveis pela política econômica estão se orientando pela política em vez de seguir a economia racional”, disse especialista
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Grécia: “o que isto nos transmite é que os responsáveis pela política econômica estão se orientando pela política em vez de seguir a economia racional”, disse especialista (unkas_photo/ThinkStock)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2015 às 18h33.

Londres - A linha dura, que rejeita uma baixa contábil da dívida grega para manter o país na zona do euro, está disposta a pagar muito mais para expulsá-lo.

Uma “Grexit” (saída da Grécia) custaria aos credores quase 100 bilhões de euros (US$ 110 bilhões) a mais do que manter a Grécia na união monetária, calcula Alberto Gallo, diretor de pesquisa macroeconômica sobre créditos do Royal Bank of Scotland Group Plc. Zsolt Darvas, do Bruegel Institute, estima que cerca de 75 por cento da dívida não seria paga aos credores após um retorno ao dracma.

“O que isto nos transmite é que os responsáveis pela política econômica estão se orientando pela política em vez de seguir a economia racional”, disse Gallo.

O destino da dívida de 313 bilhões de euros da Grécia – a maior parte com outros governos europeus – emergiu como a questão fundamental no retorno do necessitado país à boa saúde financeira.

O FMI diz que a Grécia precisa de um alívio “muito maior” do que aquele que os credores têm considerado. Os líderes da zona do euro rejeitaram qualquer redução no valor nominal das obrigações.

Para o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, o custo é secundário. Ele e seus pares da zona do euro apresentaram uma proposta aos seus chefes em uma cúpula realizada no dia 12 de julho de suspender a Grécia da zona do euro, juntamente com a possibilidade de uma reestruturação da dívida.

“Não sei, neste momento ninguém sabe como isso vai funcionar sem uma redução”, disse Schäuble nesta quinta-feira à rádio alemã Deutschlandfunk. “E todos sabem que uma redução é incompatível com fazer parte do euro. Essa é a situação”.

‘Grande desconto’

Gallo calcula os custos da seguinte forma: uma “grande redução” para manter a Grécia na zona do euro custaria cerca de 130 bilhões de euros; uma combinação de cortes e facilidades das condições de pagamento custaria cerca de 40 bilhões a 50 bilhões de euros.

A conta mínima da Grexit, assumindo uma desvalorização de 40 por cento do dracma frente ao euro, seria de 227 bilhões de euros, disse ele.

Além disso, “é preciso adicionar outros custos indiretos, por exemplo, os custos colaterais de abrir um precedente” de saída para outros países, já que o euro deixaria de ser considerado irreversível.

Os credores teriam que realizar uma baixa contábil da maior parte da dívida se ela for redenominada na antiga moeda da Grécia, segundo Gianluca Ziglio, estrategista de renda fixa da Sunrise Brokers LLP em Londres.

A saída da zona do euro custaria aos credores cerca de 240 bilhões a 250 bilhões de euros, estimou ele.

A razão entre a dívida e o PIB da Grécia, uma medida comum da solvência de um país, está atualmente em cerca de 180 por cento.

O FMI, prevendo que ela chegue a um pico de 200 por cento nos próximos dois anos, considera necessário reduzir o valor nominal da dívida.

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