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Selic poderia estar em 13,25%, diz consultoria

Para Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, sobrecarga de juros custou ao país 80 bilhões de reais entre o último trimestre de 2003 e maio de 2005

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h52.

Em um ambiente econômico em que persiste forte indexação, é impossível administrar o regime de metas de inflação. Segundo Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, um indício dessa impossibilidade é que a meta para o ano tem sido abandonada ao longo do exercício, sob a alegação de transferência de perspectiva para o ano seguinte. "A cada ano este abandono ocorre mais cedo, sinalizando o quão equivocada tem sido essa condução", diz Pereira em análise da consultoria. "Neste ano, a meta foi abandonada já na reunião de março."

A insistência do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em buscar uma inflação-meta inatingível tem um alto custo. Entre o último trimestre de 2003 e maio de 2005, o arrocho desmedido da política de juros custou, nas contas da RC Consultores, 80 bilhões de reais. "Esse montante poderia estar agora aplicado em investimentos na infra-estrutura, para desafogar os gargalos da capacidade de produção", afirma o economista. Além disso, juros menores determinariam uma importante melhora na relação dívida/Produto Interno Bruto. "Esses fatores, somados, estimulariam um ciclo virtuoso de crescimento sustentado da economia", diz Pereira.

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Pela análise, a essência do erro na condução dos juros é não manter a Selic ajustada à taxa de equilíbrio de percepção internacional. Essa taxa de equilíbrio equivale aos juros reais internacionais somados ao risco-país e é capaz de cumprir duas funções. Uma é atrair capitais internacionais suficientes para cobrir a necessidade de financiamento externo. A outra é mover ativos do mercado produtivo para o mercado financeiro em um volume suficiente para equilibrar as relações entre oferta e demanda na economia doméstica, amortecendo assim as pressões inflacionárias.

Por esse raciocínio, seguido pelo ex-presidente do BC Armínio Fraga, diz Pereira, a taxa Selic seria de 13,25% ao ano, 6,5 pontos percentuais abaixo da que vigora atualmente. Caso fosse mantida essa coerência entre taxa de equilíbrio e Selic, esta última teria atingido 10% ao ano em novembro de 2004 o menor patamar da história. "Só então deveria se ter iniciado o ajuste da curva de juros", afirma.

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