Queda do real frustra apostas em controle da inflação
A moeda brasileira teve uma queda de 12,9 por cento nos últimos três meses, o maior recuo entre as 24 moedas de mercados emergentes acompanhadas pela Bloomberg
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2013 às 15h00.
São Paulo - O pior desempenho entre as moedas das nações em desenvolvimento está frustrando a aposta do presidente do BC, Alexandre Tombini, de conter as expectativas de inflação no mercado de renda fixa.
A taxa implícita de inflação, medida pela diferença de rendimentos entre as Notas do Tesouro Nacional série B – atreladas à inflação – e os títulos prefixados com vencimento em 2015, teve alta de 0,27 pontos porcentuais, para 5,52 por cento desde que o Banco Central afirmou na ata do Copom de 18 de julho que a desvalorização do real é um fator que contribui para que a inflação persista.
A taxa implícita de inflação na África do Sul ficou praticamente estável no mesmo período, enquanto as do México e da Turquia caíram.
O real teve uma queda de 12,9 por cento nos últimos três meses, o maior recuo entre as 24 moedas de mercados emergentes acompanhadas pela Bloomberg. A moeda mais volátil da América Latina também tem impedido os operadores de reduzir suas expectativas de inflação com a economia em desaceleração, segundo a Nomura Holdings Inc.
“É realmente a taxa de câmbio que parece ser a mais potente força no mercado e é por isso que ela foi tão alta nas últimas semanas”, disse Tony Volpon, economista da Nomura, em entrevista por telefone de Nova York. “As pessoas não terão noção de que a inflação está se resolvendo até que percebam que a taxa de câmbio se acalmou”.
A assessoria de imprensa do BC não quis fazer comentários.
Os preços ao consumidor medidos pelo índice IPCA subiram 6,24 por cento em julho em relação ao ano anterior, segundo a mediana de estimativas de 31 economistas consultados pela Bloomberg. O IBGE publicará seu relatório sobre a inflação amanhã.
Desaquecimento do crescimento
O crescimento da maior economia latino-americana desacelerou inesperadamente para 0,55 por cento no primeiro trimestre em relação ao anterior, ficando abaixo das expectativas dos analistas pelo quinto período consecutivo. No ano passado, a economia cresceu 0,9 por cento, o menor patamar desde a recessão de 2009.
A inflação vai diminuir para 5,6 por cento neste ano devido ao crescimento lento e à alta das taxas feita pelo Banco Central, mas voltará a subir para 6 por cento no ano que vem porque a taxa de câmbio mais fraca aumenta o custo das importações, afirma David Beker, economista-chefe para o Brasil do Banco Merrill Lynch SA.
Segundo Volpon da Nomura, um declínio da taxa de inflação no longo prazo dependerá da estabilização do real. “As coisas estão indo na direção certa” para que a inflação diminua, disse Volpon. “A pergunta é, quando a moeda irá se estabilizar?”
São Paulo - O pior desempenho entre as moedas das nações em desenvolvimento está frustrando a aposta do presidente do BC, Alexandre Tombini, de conter as expectativas de inflação no mercado de renda fixa.
A taxa implícita de inflação, medida pela diferença de rendimentos entre as Notas do Tesouro Nacional série B – atreladas à inflação – e os títulos prefixados com vencimento em 2015, teve alta de 0,27 pontos porcentuais, para 5,52 por cento desde que o Banco Central afirmou na ata do Copom de 18 de julho que a desvalorização do real é um fator que contribui para que a inflação persista.
A taxa implícita de inflação na África do Sul ficou praticamente estável no mesmo período, enquanto as do México e da Turquia caíram.
O real teve uma queda de 12,9 por cento nos últimos três meses, o maior recuo entre as 24 moedas de mercados emergentes acompanhadas pela Bloomberg. A moeda mais volátil da América Latina também tem impedido os operadores de reduzir suas expectativas de inflação com a economia em desaceleração, segundo a Nomura Holdings Inc.
“É realmente a taxa de câmbio que parece ser a mais potente força no mercado e é por isso que ela foi tão alta nas últimas semanas”, disse Tony Volpon, economista da Nomura, em entrevista por telefone de Nova York. “As pessoas não terão noção de que a inflação está se resolvendo até que percebam que a taxa de câmbio se acalmou”.
A assessoria de imprensa do BC não quis fazer comentários.
Os preços ao consumidor medidos pelo índice IPCA subiram 6,24 por cento em julho em relação ao ano anterior, segundo a mediana de estimativas de 31 economistas consultados pela Bloomberg. O IBGE publicará seu relatório sobre a inflação amanhã.
Desaquecimento do crescimento
O crescimento da maior economia latino-americana desacelerou inesperadamente para 0,55 por cento no primeiro trimestre em relação ao anterior, ficando abaixo das expectativas dos analistas pelo quinto período consecutivo. No ano passado, a economia cresceu 0,9 por cento, o menor patamar desde a recessão de 2009.
A inflação vai diminuir para 5,6 por cento neste ano devido ao crescimento lento e à alta das taxas feita pelo Banco Central, mas voltará a subir para 6 por cento no ano que vem porque a taxa de câmbio mais fraca aumenta o custo das importações, afirma David Beker, economista-chefe para o Brasil do Banco Merrill Lynch SA.
Segundo Volpon da Nomura, um declínio da taxa de inflação no longo prazo dependerá da estabilização do real. “As coisas estão indo na direção certa” para que a inflação diminua, disse Volpon. “A pergunta é, quando a moeda irá se estabilizar?”