Mantega defende juros "civilizados" e câmbio flutuante
Em entrevista a emissora de TV, o novo ministro da Fazenda disse que manterá a atual política econômica
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.
O novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, concedeu entrevista nesta terça-feira (28/03) ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, e afirmou que pretende manter a política econômica deixada por Antonio Palocci. Apesar de não querer citar possíveis mudanças ou definições de sua gestão, Mantega afirmou que perseguirá juros "civilizados" e defendeu o regime de câmbio flutuante.
No primeiro dia após o anúncio de que substituiria Antonio Palocci, que pediu demissão nesta segunda-feira (27/03), Mantega disse que pretende manter a política que está sendo construída hoje, "uma política de responsabilidade social, de educação, e principalmente de desenvolvimento". "Nós estamos neste caminho e este caminho foi pavimentado com a política econômica praticada ao longo desses três anos [de governo Lula], que teve participação do ministro Palocci e de outros ministros".
Questionado sobre os juros, o ministro afirmou que a redução da Selic, a taxa básica brasileira, não deve prejudicar as metas de inflação. "É uma unanimidade do país que os juros poderiam ser mais baixos. Evidentemente nós não podemos afrouxar o combate à inflação. Isso é sagrado, porque a inflação prejudica fundamentalmente o trabalhador". Mantega afirmou ainda que cabe ao Banco Central estabelecer o nível da Selic, e que a instituição está "fazendo sua lição de casa". "O Brasil quer ter taxas de juros civilizadas que permitam estimular a produção e o consumo, preservada a inflação", disse.
Dólar
Sobre o câmbio, Mantega descartou o uso do regime de câmbio fixo para evitar as oscilações na cotação do dólar. "O regime de câmbio flutuante veio para ficar, ele é vitorioso. Já tivemos experiências amargas no passado com câmbio fixo". Segundo o novo ministro, a moeda brasileira está se valorizando por conta "do sucesso do país no comércio". "O preço que pagamos pela eficiência é que nós temos mais dólares", disse. Mas Mantega reconheceu que o dólar barato tem prejudicado a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. "Se o real estivesse menos valorizado, o Brasil estaria dominando ainda mais o comércio internacional", disse.
Uma aliada na busca pelo enfraquecimento do real, na opinião de Mantega, é a redução da Selic, que vem sendo implementada desde setembro de 2005 - já que com juros mais baixos, o país recebe menos investimentos em dólar, o que eleva a cotação da moeda estrangeira.
Equipe
Mantega preferiu a cautela ao falar sobre a equipe econômica com que trabalhará e disse que conversará com os técnicos do ministério antes de pensar em alterações. Mas uma coisa é certa: o novo ministro terá de indicar um novo secretário-executivo, já que Murilo Portugal também pediu para sair do governo nesta segunda-feira, e um novo secretário do Tesouro, com a saída de Joaquim Levy para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).