Economia

Mansueto: vamos ter de esperar recuperação para novas concessões

Segundo o secretário do Tesouro, ainda é incerta a projeção para receita em 2020 e 2021 com fatores não recorrentes, como concessões e desinvestimentos

Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual (Adriano Machado/Reuters)

Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de abril de 2020 às 17h22.

Última atualização em 29 de abril de 2020 às 09h25.

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse nesta terça-feira, 28, que é muito incerta ainda a projeção para receita em 2020 e 2021 com fatores não recorrentes, como concessões e desinvestimentos. "Vamos ter de esperar para ver como será a recuperação para ver novas concessões", considerou, em videoconferência organizada pelo banco BV.

Ele lembrou que o governo tem perdido muitas receitas em royalties e participação especial decorrentes da exploração de petróleo. "Ninguém esperava que o preço do barril de petróleo caísse para US$ 20. A nossa projeção era para o barril em US$ 60", admitiu.

Questionado sobre a possibilidade de aumento da carga tributária para pagar a conta da crise, o secretário do Tesouro considerou que o governo precisa focar na aprovação de reformas estruturais após a pandemia do novo coronavírus. "Nosso desafio é a simplificação tributária e avançar na reforma que já está no Congresso", completou.

Ele reafirmou que a dívida bruta do governo deve crescer para algo entre 85% e 90% do PIB neste ano. Para Mansueto, em 2021, porém, essa trajetória pode se reverter.

Segundo o secretário, o crescimento do PIB potencial do Brasil pode ser maior com aprovação de reformas estruturais. "O crescimento do Brasil daqui a três, quatro ou cinco anos ainda não está dado. Pode ser maior ou menor, dependendo do que conseguirmos aprovar no Congresso após a crise", completou.

Economia com servidores
Mansueto também disse nesta terça-feira durante videoconferência organizada pelo banco BV que, o congelamento dos salários dos servidores de governos estaduais e prefeituras por 18 meses pode trazer uma economia de R$ 80 a R$ 100 bilhões.

"A economia não chega ao valor comentado (de R$ 180 bilhões) porque o governo federal já não daria aumento para os servidores nesse período".

O congelamento dos salários do funcionalismo nas três esferas da administração é uma contrapartida negociada pelo governo com o Congresso no projeto de ajuda financeira da União a Estados e municípios.

"Os governos regionais têm um crescimento automático da folha de pessoal todo ano, de no mínimo 7% ou 8%. Quando se coloca uma trava como contrapartida, a economia chega a R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões por ano. Como a medida valeria por 18 meses, essa economia nos governos regionais seria entre R$ 80 bilhões e R$ 100 bilhões", completou.

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