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Mansueto descarta aumento de impostos em meio à crise

Em oposto à ideia de recriação de tributos, secretário do Tesouro reiterou importância de reformas para garantir equilíbrio fiscal

Mansueto Almeida, secretário do Tesouro: "se a gente fizer as reformas e o país crescer mais rápido, (isso) vai ajudar a pagar essa conta" (Adriano Machado/Reuters)
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Reuters

Publicado em 29 de maio de 2020 às 17h02.

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, descartou nesta sexta-feira qualquer tentativa, no momento, de discussão em torno do aumento da carga tributária no país, apesar da deterioração das contas públicas com a expansão dos gastos para combate aos efeitos da pandemia do coronavírus.

"Não é hora para se discutir aumento de imposto, aumento de carga tributária, muito menos um imposto sobre transação financeira. Então isso está fora de cogitação", afirmou Mansueto em entrevista à CNN Brasil.

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De acordo com ele, dada a atual conjuntura, com o governo postergando datas de recolhimento de impostos, a prioridade é combater os efeitos econômicos e sociais da propagação do coronavírus, enquanto a retomada gradual da economia precisa ser feita "com muito cuidado" e baseada em dados da saúde.

Em oposto à ideia de recriação de tributos para compensar a situação fiscal, o secretário do Tesouro reiterou a importância da agenda de reformas estruturais passada a crise da pandemia.

"Como a gente vai pagar essa conta (fiscal), a gente tem que discutir depois. Inclusive, se a gente fizer as reformas e o país crescer mais rápido, (isso) vai ajudar a pagar essa conta", completou.

Segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira, a dívida bruta brasileira saltou a 79,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril, um recorde, na esteira do forte déficit primário registrado pelo setor público consolidado, de 94,303 bilhões de reais em abril --também um recorde desde o início da série em 2001.

Contração

Mansueto também afirmou que uma contração do PIB entre 9% e 11% no segundo trimestre -- estimada, segundo ele, por parte do mercado-- é compatível com um declínio da economia entre 6% e 7% neste ano.

"Mais ou menos todo mundo no mercado está convergindo para uma queda, no segundo trimestre, entre 9% e 11%. Então uma queda em torno disso... é compatível com a queda do PIB do ano entre 6%, 7%", disse.

Ele lembrou que a estimativa oficial do Ministério da Economia para o desempenho da economia em 2020 é de retração de 4,7%.

Sobre os dados do PIB do primeiro trimestre, divulgados nesta manhã, Mansueto frisou as perdas no setor de serviços, que representa 74% da economia.

"Só a segunda quinzena de março, quando a gente já tinha começado esse processo de distanciamento social, teve um impacto muito forte (sobre o resultado do PIB no trimestre)", disse.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro contraiu 1,5% no primeiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na mais forte retração desde 2015, na esteira dos primeiros sinais dos impactos das restrições por causa das medidas para conter a disseminação do coronavírus.

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