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Juros devem subir mais na última reunião do Copom

As previsões de alta na inflação em 2003 estão fazendo com que o mercado aposte numa elevação da taxa de juros básica na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central. O Copom se reúne nesta terça-feira (17/12) e decide o valor da Selic -atualmente em 22%- na quarta-feira (18/12). Será a última […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.

As previsões de alta na inflação em 2003 estão fazendo com que o mercado aposte numa elevação da taxa de juros básica na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central. O Copom se reúne nesta terça-feira (17/12) e decide o valor da Selic -atualmente em 22%- na quarta-feira (18/12). Será a última reunião do ano e com Armínio Fraga no comando do BC. As expectativas vão de 1,5 ponto percentual a 3 pontos de alta na taxa.

Para o BBV, a decisão que sairá desta reunião do Copom tem uma importância que vai além do caráter estritamente técnico. "Estamos prestes a ter uma transição para a nova equipe do Banco Central, com todas as dúvidas que cercam essa transição. Estas dúvidas estão associadas ao desconhecimento dos agentes quanto ao peso que

o próximo governo dará ao controle de preços", afirma o banco em seu relatório diário divulgado nesta terça-feira.

Mesmo que não houvesse a descontinuidade política a diante, seria defensável uma nova elevação dos juros, tendo em vista o comportamento recente ainda desfavorável dos fatores que determinam as projeções de inflação: "a inflação corrente, a taxa de câmbio e as expectativas inflacionárias".

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"Há três importantes aspectos que sugerem a necessidade de uma alta mais expressiva dos juros: a corrosão da taxa real de juros por conta dos resultados de inflação, o desgaste do sistema de metas de inflação e esse ambiente de

incertezas que vêm incentivando remarcações de preços." Com essa perspectiva, o BBV aposta em uma alta de até 3 pontos percentuais.

"Acreditamos em juros de 23% ao ano, com viés neutro, por conta do provável aumento na previsão do BC para o IPCA de 2003", diz o relatório do Credit Suisse First Boston sobre a reunião do Copom. "O BC deve projetar inflação de 9,7% para 2003, enquanto esperamos 11% para o mesmo período".

Na mesma linha, o Lloyds TSB afirma que houve piora nas expectativas para o ano que vem. A aposta dos analistas do banco é que a taxa seja elevada a 24%. "Se for confirmada, a elevação não será exagerada porque, além da alta da inflação, existem sinais de expansão mais forte no nível de atividade no curto prazo". Como exemplo disso, o Lloyds cita o elevado nível de utilização de capacidade instalada, inadimplência em queda e alta no índice de intenção de compras.

Na ata do Copom de novembro de 2002, com câmbio a 3,55 reais por dólar, a previsão do BC para o IPCA foi acima da meta ajustada do índice para 2003, de 6,5%. Levando-se em consideração câmbio de 3,73 reais o dólar (fechamento de 13/12) e o efeito da maior inflação corrente, o CSFB estima que a meta ajustada de inflação se elevará para algo em torno de 7% para 2003. Abaixo da provável estimativa do BC de IPCA para 2003 de 9,7%.

Pesquisa de opinião

Economistas ouvidos em pesquisa Reuters prevêem por unanimidade que os juros serão elevados em pelo menos 2 pontos percentuais. Um terço dos entrevistados acredita que a alta pode chegar a 3 pontos.

Foram consultadas 21 instituições financeiras. Destas, 15 prevêem uma alta de 2 pontos percentuais na Selic, para 24% ao ano. Quatro analistas esperam um aumento entre 2 e 3 pontos e dois apostam que a elevação será de 3 pontos percentuais.

Se as previsões se confirmarem, a Selic atingirá o maior patamar desde maio de 1999, quando era de 27%. Os economistas afirmaram que a aceleração da inflação dos últimos meses não é mais decorrente apenas da desvalorização cambial e, portanto, por não ser um efeito temporário, deve ser combatida com todos os instrumentos do BC.

"O Brasil está começando a entrar em um processo inflacionário. A alta do núcleo da inflação e dos preços não comercializáveis significa que a queda do real não é mais o problema", afirmou Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Schahin. "O BC precisa controlar os preços futuros e agir agora."

Em novembro, o IPCA subiu 3,02%, acumulando no ano alta de 10,22%, muito acima do teto da meta para este ano, de 5,5%, incluindo os dois pontos percentuais de tolerância. Esta é a primeira vez desde 1995 que a inflação chega aos dois dígitos. O núcleo da inflação do IPCA passou de uma alta de 0,78% em outubro para 1,32% no mês passado.

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