Exame Logo

Iedi estima que participação da indústria no PIB caiu mais de 40% em três décadas

Para economista, é necessário que o Brasil diversifique as exportações e resista à tentação de priorizar o comércio externo para algumas commodities

Participação no PIB não significa, porém, que a indústria brasileira tenha enfraquecido, pondera especialista. (Kiko Ferrite/EXAME)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2011 às 12h43.

Brasília – A participação da indústria na economia nacional já foi de 30% na década de 1980, mas atualmente caiu para cerca de 17% do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país, de acordo com o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Júlio Gomes de Almeida.

Segundo ele, participação no PIB não significa, porém, que a indústria brasileira tenha enfraquecido. “Não foi uma perda em termos absolutos, mas relativos, porque outros segmentos cresceram muito mais." Entre esses segmentos destacam-se, por exemplo, o forte desenvolvimento da agropecuária, impulsionado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e do setor de serviços, principalmente nas áreas de telecomunicações, financeira e de software.

A desvalorização do dólar derrubou a competitividade dos preços dos produtos industriais, principalmente com o lançamento do Plano Real, em 1994, quando o valor da moeda nacional ficou acima da cotação do dólar e assim permaneceu durante dois anos. Depois, o dólar ficou ligeiramente acima do real até janeiro de 1999, quando o governo promoveu uma desvalorização do real e adotou o câmbio flutuante. Daí até 2004, o dólar recuperou valor, mas a partir de então novamente entrou em declínio, com curto período de valorização no auge da crise financeira mundial, no final de 2008 e início de 2009.

De acordo com o professor, “a indústria sofreu desaceleração, enquanto os demais segmentos da economia cresceram. Não regredimos, mas poderíamos ter evoluído muito mais, uma vez que a indústria tem muito a dar ao Brasil”. Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o economista do Iedi ressaltou que a valorização do real em relação ao dólar é um fator decisivo para o “encolhimento” da indústria.


Segundo ele, o Plano Brasil Maior, de incentivo à inovação industrial, lançado pelo governo na última terça-feira (2), foi “um passo muito bom” no sentido de impulsionar o crescimento da indústria nacional. Mas, “só isso não basta”, uma vez que o caminho para o resgate do setor passa por políticas mais amplas para corrigir o descaso de décadas em temas como infraestrutura, reforma tributária, custo de capital e encargos trabalhistas sobre a folha de salários.

Embora a valorização do dólar nos últimos dias represente um alívio momentâneo para as exportações, Almida lembra que a supervalorização do real tem sido determinante para a importação cada vez mais forte de produtos estrangeiros em detrimento da produção nacional de manufaturados, com maior valor agregado. Enquanto isso, nossas exportações de commodities (produtos básicos com cotação internacional, principalmente agrícolas e minerais) têm aumentado.

Para o economista, é necessário que o Brasil diversifique as exportações o mais que puder e resista à tentação de priorizar o comércio externo para algumas commodities, o que seria uma política de “primarização”. Ele ressalta, contudo, que a dependência da nossa balança comercial dos produtos básicos “é consequência” dos preços favoráveis no mercado internacional, e não causa do colapso da capacidade brasileira de colocar sua produção industrial lá fora, e, em alguns casos, até mesmo no mercado doméstico.

Veja também

Brasília – A participação da indústria na economia nacional já foi de 30% na década de 1980, mas atualmente caiu para cerca de 17% do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país, de acordo com o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Júlio Gomes de Almeida.

Segundo ele, participação no PIB não significa, porém, que a indústria brasileira tenha enfraquecido. “Não foi uma perda em termos absolutos, mas relativos, porque outros segmentos cresceram muito mais." Entre esses segmentos destacam-se, por exemplo, o forte desenvolvimento da agropecuária, impulsionado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e do setor de serviços, principalmente nas áreas de telecomunicações, financeira e de software.

A desvalorização do dólar derrubou a competitividade dos preços dos produtos industriais, principalmente com o lançamento do Plano Real, em 1994, quando o valor da moeda nacional ficou acima da cotação do dólar e assim permaneceu durante dois anos. Depois, o dólar ficou ligeiramente acima do real até janeiro de 1999, quando o governo promoveu uma desvalorização do real e adotou o câmbio flutuante. Daí até 2004, o dólar recuperou valor, mas a partir de então novamente entrou em declínio, com curto período de valorização no auge da crise financeira mundial, no final de 2008 e início de 2009.

De acordo com o professor, “a indústria sofreu desaceleração, enquanto os demais segmentos da economia cresceram. Não regredimos, mas poderíamos ter evoluído muito mais, uma vez que a indústria tem muito a dar ao Brasil”. Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o economista do Iedi ressaltou que a valorização do real em relação ao dólar é um fator decisivo para o “encolhimento” da indústria.


Segundo ele, o Plano Brasil Maior, de incentivo à inovação industrial, lançado pelo governo na última terça-feira (2), foi “um passo muito bom” no sentido de impulsionar o crescimento da indústria nacional. Mas, “só isso não basta”, uma vez que o caminho para o resgate do setor passa por políticas mais amplas para corrigir o descaso de décadas em temas como infraestrutura, reforma tributária, custo de capital e encargos trabalhistas sobre a folha de salários.

Embora a valorização do dólar nos últimos dias represente um alívio momentâneo para as exportações, Almida lembra que a supervalorização do real tem sido determinante para a importação cada vez mais forte de produtos estrangeiros em detrimento da produção nacional de manufaturados, com maior valor agregado. Enquanto isso, nossas exportações de commodities (produtos básicos com cotação internacional, principalmente agrícolas e minerais) têm aumentado.

Para o economista, é necessário que o Brasil diversifique as exportações o mais que puder e resista à tentação de priorizar o comércio externo para algumas commodities, o que seria uma política de “primarização”. Ele ressalta, contudo, que a dependência da nossa balança comercial dos produtos básicos “é consequência” dos preços favoráveis no mercado internacional, e não causa do colapso da capacidade brasileira de colocar sua produção industrial lá fora, e, em alguns casos, até mesmo no mercado doméstico.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilIndicadores econômicosIndústriaIndústrias em geralPIB

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame