Guedes deve viajar a Paris em março para acelerar adesão do Brasil à OCDE
O ministro conversou nesta sexta-feira com o secretário-geral do organismo, Mathias Cormann
Agência O Globo
Publicado em 11 de fevereiro de 2022 às 21h37.
Empenhado em acelerar o ingresso do Brasil como membro da OCDE , o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve viajar a Paris, sede da organização, no próximo mês. Guedes quer se encontrar pessoalmente com o secretário-geral do chamado "clube dos ricos", o australiano, Mathias Cormann, para defender a aprovação de um fast track, ou via rápida, no processo de adesão.
Candidatos a uma vaga, Brasil, Argentina, Peru, Bulgária, Croácia e Romênia foram convidados a iniciar as negociações com o organismo no fim do mês passado. O processo pode levar de dois a cinco anos.
A OCDE é formada por 38 países, entre os quais Estados Unidos, Japão, México, Chile, Dinamarca, Coreia do Sul, Nova Zelândia, França e Reino Unido. O pedido de adesão pelo Brasil foi feito em maio de 2017, no governo do ex-presidente Michel Temer.
Engajamento
Na manhã desta sexta-feira, Guedes teve uma reunião virtual com Cormann. O ministro agradeceu o apoio recebido para impulsionar o início do processo de adesão do Brasil e se comprometeu a manter diálogo bilateral frequente.
De acordo com o Ministério da Economia, Guedes ressaltou o engajamento de sua equipe com o processo formal de adesão à OCDE e o alinhamento do país com os valores da organização. Afirmou que as reformas econômicas estruturantes continuarão a ser realizadas.
“O ministro também manifestou o comprometimento brasileiro com as iniciativas do G20 ‒ grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia ‒ e da OCDE na área de tributação internacional e reforçou o apoio à iniciativa da organização na agenda de sustentabilidade, priorizando soluções de mercado”, destacou o órgão, em uma nota.
O governo brasileiro afirma que o Brasil está em fase mais adiantada que os demais concorrentes, porque já aderiu a 103 dos 251 instrumentos normativos exigidos. Porém, a expectativa de fontes oficiais e do setor privado é que o país encontre dificuldades para se adequar a alguns requisitos, como o fim do desmatamento e uma reforma tributária que deixe o sistema mais eficiente.
Ao contrário da área econômica do governo, na esfera diplomática há ceticismo em relação à proposta de um fast track. Segundo um interlocutor, o Brasil iniciará o processo em situação privilegiada em termos de adesão a instrumentos e participação em comitês da OCDE, “mas as etapas do processo se aplicam igualmente a todos os candidatos”.