A Alemanha, com uma taxa de desemprego de 7%, começa a sentir os efeitos da crise que afeta a seus sócios europeus (©AFP / Odd Andersen)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2012 às 16h51.
Frankfurt - Os protestos e greves envolvendo questões salariais têm se multiplicado na Alemanha devido à vontade dos trabalhadores de recuperar poder aquisitivo após 15 anos de austeridade, o que conflita com a posição de uma classe empresarial cada vez mais preocupada pela desaceleração da economia.
O sindicato alemão Verdi anunciou nesta sexta-feira greves no setor bancário para pedir aumentos de salários, seguindo a IG Metall, que se apresenta como o maior sindicato do mundo, que esta semana foi capaz de organizar protestas no setor da indústria que mobilizaram mais de 160.000 assalariados.
As greves têm afetado a alguns dos maiores ícones da poderosa indústria alemã, como a Bosch, BMW, Siemens e Deutsche Telekom.
"O aumento da pressão significa claramente que o patronato terá que negociar", afirmou o dirigente da IG Metall em Renânia do Norte-Vestfália, Oliver Burkhard.
Já o líder dos patrões da metalurgia, Martin Kannegiesser, afirma que um forte aumento dos salários debilitaria as empresas e algumas delas não podem permitir isso em um período no qual os últimos indicadores apontam para uma clara freagem deste tipo de indústria.
A IG Metall pede um aumento dos salários de 6,5%, mas as últimas negociações fracassaram depois de a oferta da patronal não supera os 3%.
Os empresários estimam que a economia alemã teve seu melhor momento entre 2010-2011 e que a partir de agora começará a ser afetada pela crise que golpeia a seus vizinhos europeus.
"A indústria teve resultados positivos no ano passado e os assalariados querem sua parte justa, mas o desempenho da economia alemã parece atenuar-se", afirmou o analista Hilmar Schneider, do Instituto de Investigação sobre o Futuro do Trabalho, de Bonn.
A Alemanha, com uma taxa de desemprego de 7%, começa a sentir os efeitos da crise que afeta a seus sócios europeus.
"Este ano, o nível de reivindicações tem sido superior", disse Eckart Tuchtfeld, especialista do mercado de trabalho no Commerzbank.
Seja qual for o resultado final, "os acordos serão mais elevados" que em anos anteriores, segundo este especialista, principalmente depois que dois milhões de funcionários obtiveram em abril um aumento de seus salários de 6,3% em dois anos.