Governo reduz a 0,90% previsão de crescimento do PIB
Estimativa para receita líquida total foi reduzida em 10,5 bilhões de reais, para 1,084 trilhão de reais neste ano
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2014 às 20h24.
São Paulo/Brasília - O governo federal reduziu pela metade sua previsão de crescimento da economia brasileira em 2014 a 0,90 por cento, ante 1,8 por cento na previsão anterior, de acordo com o relatório bimestral de receitas e despesas, divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério do Planejamento.
A estimativa para o desempenho da economia este ano, apesar da revisão para baixo, é muito melhor do que a projeção dos agentes econômicos ouvidos para o Boletim Focus do Banco Central, de crescimento de 0,3 por cento.
No relatório, elaborado também pelo Ministério da Fazenda, o governo manteve a previsão para a inflação deste ano em 6,20 por cento pelo IPCA, ante estimativa do Boletim Focus de 6,3 por cento.
A estimativa para receita líquida total foi reduzida em 10,5 bilhões de reais, para 1,084 trilhão de reais neste ano, mesmo com o governo elevando em 1,5 bilhão de reais a previsão das receitas com dividendos.
"Houve queda em praticamente todas as projeções dos tributos", relata o documento.
Para compensar parcialmente a queda na estimativa de receita, o governo disse que irá sacar 3,5 bilhões de reais do Fundo Soberano do Brasil (FSB).
Com isso, a queda efetiva na projeção de receita passou a 7,041 bilhões de reais, valor que foi compensando com corte similar nas despesas primárias obrigatórias, que passaram a 667,7 bilhões de reais.
Os maiores cortes nas previsões de despesas ocorreram nas transferências do Tesouro Nacional para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), cujas dotações caíram para 9 bilhões de reais, ante 13 bilhões de reais previstos anteriormente, e nos subsídios, cortados em 3 bilhões de reais.
Num cenário marcado por arrecadação tributária estagnada, elevado peso das renúncias tributárias e baixos resultados fiscais entre janeiro e junho, o relatório das contas do governo não faz referência ao cumprimento da meta de 2014 de superávit primário de 99 bilhões de reais, equivalente a 1,9 por cento do PIB.
Em 12 meses encerrados em julho, essa economia para o pagamento dos juros da dívida pública estava em apenas 1,22 por cento do PIB, indicando a grande dificuldade do governo em atingir o alvo.
A deterioração das contas públicas e o baixo crescimento da economia levaram a agência de classificação de risco Moody's a alterar a perspectiva de rating soberano do Brasil de "estável" para "negativa", numa ameaça de rebaixamento da nota de crédito soberano do país.
Texto atualizado às 20h23min do mesmo dia.