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FMI e Banco Mundial fazem novo alerta sobre protecionismo

Durante a reunião semestral, os líderes das duas instituições pediram que o comércio internacional não seja colocado em risco

FMI: o fundo reviu em alta a sua previsão de crescimento global, de 3,4% a 3,5%, um passo modesto, mas que altera o perfil da expectativa (Yuri Gripas/Reuters)
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AFP

Publicado em 20 de abril de 2017 às 17h54.

Última atualização em 20 de abril de 2017 às 17h54.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM) iniciaram nesta quinta-feira a sua reunião semestral com um novo alerta sobre o crescente protecionismo e um governo americano hostil ao livre comércio.

Na abertura formal das reuniões, os líderes das duas instituições, a francesa Christine Lagarde e o americano Jim Yong Kim, pediram que o comércio internacional não seja colocado em risco.

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"O FMI não é uma instituição comercial, mas o comércio nos preocupa, porque é um motor importante para o crescimento e é um dos pilares da prosperidade", declarou Lagarde na coletiva de imprensa que marcou o início da reunião.

A diretora do FMI lembrou o elevado número de disputas comerciais causados ​​por medidas protecionistas que chegaram até a Organização Mundial do Comércio (OMC) e, por esta razão, fez um apelo a "não colocar em risco o comércio, que tem apoiado o crescimento" econômico.

Kim, por sua vez, ressaltou que o comércio tem sido "fundamental na redução da pobreza nos últimos 30 anos".

Primavera econômica com nuvens

Pela primeira vez em dois anos, banqueiros e ministros das Finanças de todo o mundo começaram um encontro em um contexto econômico global mais otimista.

"Bem-vindos à reunião de primavera [boreal]. É conveniente, porque a primavera econômica chegou", afirmou Lagarde ao abrir os trabalhos, enquanto garoava nas ruas da capital dos Estados Unidos.

Após dois anos de baixas expectativas, o FMI apontou uma tímida reação na economia global.

Em seu relatório semestral, o FMI reviu em alta a sua previsão de crescimento global, de 3,4% a 3,5%, um passo modesto, mas que altera o perfil da expectativa.

Neste novo cenário, espera-se que a reunião de ministros das Finanças do G20, realizada nesta quinta e sexta-feira, gere discursos otimistas talvez pela primeira vez desde a grande crise de 2008.

Em relação à América Latina, no entanto, o FMI reviu ligeiramente em baixa sua previsão de crescimento, de 1,2% para 1,1%, seguindo um cenário marcado pela incerteza política e estagnação nos preços das commodities.

Apesar da revisão em baixa, Lagarde declarou nesta quinta-feira que o Brasil, maior economia da América Latina, parece estar "fazendo a curva", após dois anos de recessão severa para começar uma recuperação tímida.

Mas uma nuvem escura paira claramente sobre a reunião.

Com o slogan "A América em primeiro lugar", o presidente Donald Trump mantém a ameaça de imposição de barreiras comerciais às importações, e se distancia do livre fluxo de comércio e organismos, tais como a OMC.

Embora sem citar diretamente, Lagarde e Kim fizeram uma referência clara às ameaças de Trump.

Fator europeu

Ao mesmo tempo, a reunião começou, como ocorreu no ano passado, sob a incerteza que representa a saída do Reino Unido da União Europeia.

A reunião do FMI e do Banco Mundial no segundo semestre do ano passado aconteceu sob o choque do referendo que decidiu pelo Brexit, e o encontro que começou nesta quinta-feira ocorre depois que Londres deu início, em 29 de março, ao árduo processo de saída do bloco.

Para agravar o clima de incerteza, o Parlamento britânico aprovou uma iniciativa da primeira-ministra Theresa May para convocar eleições antecipadas em 8 de junho.

Ao mesmo tempo, os franceses vão às urnas no domingo para as eleições presidenciais com vários candidatos que empregam uma retórica agressiva contra a integração europeia.

De acordo com Lagarde, uma eventual vitória da candidata da extrema-direta Marine Le Pen pode causar "uma desordem maior" na UE.

Mas a questão das barreiras comerciais poderia tornar-se o centro dos debates entre os líderes do G20, que em março chegaram a emitir uma declaração sem mencionar o tradicional chamado a evitar medidas protecionistas, após forte pressão dos Estados Unidos.

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