Manifestante carrega bandeiras da Grécia e da União Europeia (Yannis Behrakis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2015 às 22h07.
Atenas - A Europa agiu para reabrir um financiamento à assolada economia da Grécia nesta quinta-feira, após o Parlamento grego aprovar um novo programa de resgate em votação dividida que deixou o governo sem maioria.
O Banco Central Europeu (BCE) elevou o financiamento emergencial aos bancos gregos, apesar de que os controles de capital vão precisar permanecer em vigor para evitar uma corrida aos bancos quando reabrirem na segunda-feira.
Os ministros das Finanças da União Europeia também aprovaram 7 bilhões de euros em empréstimo-ponte para manter a Grécia operando, permitindo que o país realize o pagamento ao BCE na próxima segunda-feira e liberando sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os empréstimos serão finalizados na sexta-feira desde que o Parlamento alemão aprove o pedido do governo para abrir as conversas sobre o programa de resgate de três anos avaliado em até 86 bilhões de euros, o terceiro da Grécia nos últimos cinco anos.
A maioria dos parlamentares conservadores alemães aprovou o início da conversas sobre o terceiro resgate à Grécia em uma votação teste nesta quinta-feira, véspera do pleito na Câmara Baixa do Parlamento, disseram fontes da alta conservadora do Parlamento.
A expectativa é de que o Parlamento dê ao governo de Angela Merkel autorização para abrir as negociações, com o Social-Democrata e alguns partidos da oposição, provavelmente votando "sim".
As linhas foram uma recompensa para o primeiro-ministro gregos, Alexis Tsipras, depois que ele conquistou o apoio do Parlamento no início da quinta-feira para as duras medidas de reformas solicitadas por credores liderados pela Alemanha.
Tsipras ficou enfraquecido por uma revolta em seu partido de esquerda, Syriza, que votou contra as medidas, forçando-o a contar com votos da oposição para passar o pacote. Espera-se que ele reformule seu gabinete para trocar quatro ministros que se rebelaram.
O ministro de Interior grego, Nikos Voutsis, disse que uma eleição antecipada pode ser realizada em setembro ou outubro, "dependendo dos acontecimentos".
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, questionou se Atenas teria um terceiro resgate após a votação no Parlamento. Ele sugeriu que as necessidades de financiamento da Grécia eram crescentes e que um corte da dívida ou a saída da zona do euro poderia ser uma solução melhor.
Depois de se reunir com políticos do SPD em Berlim, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse que gostaria que as discussões sobre uma possível saída da Grécia da zona do euro parassem e esperava que parlamentares alemães apoiassem as conversas sobre uma nova ajuda à Grécia na votação de sexta-feira.
O passo do Parlamento grego foi suficiente para convencer o BCE a elevar a Assistência de Liquidez Emergencial (ELA, na sigla em inglês) aos bancos gregos em 900 milhões de euros por semana, para quase 90 bilhões de euros.
"As coisas mudaram agora", disse o presidente do BCE, Mario Draghi, em entrevista coletiva em Frankfurt. "Tivemos uma série de notícias com a aprovação do pacote de empréstimo-ponte, com as votações, várias votações em diversos parlamentos, que agora restauraram as condições para uma elevação do ELA".
O vice-ministro das Finanças da Grécia, Dimitris Mardas, disse que o apoio do BCE permitirá que os bancos reabram, três semanas depois de terem sido fechados quando Atenas impôs controles de capital para evitar que uma enxurrada de saques levasse o sistema bancário ao colapso. Os saques de dinheiro, atualmente limitados a 60 euros, provavelmente continuarão restritos.