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EUA ainda ditam regras da economia mundial por base no dólar

Hegemonia do dólar permitiu às autoridades norte-americanas aplicarem uma multa recorde ao banco francês BNP Paribas e no caso da dívida soberana da Argentina

Obama: fundos de investimentos já solicitaram "esclarecimento" sobre caso de dívida argentina (Kuba Atys/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2014 às 17h09.

Washington - Questionados no campo diplomático, os Estados Unidos ainda ditam as leis na economia global e estendem sua influência, como ficou claro no caso do banco BNP ou da dívida soberana argentina.

O exemplo do BNP Paribas é o que mais chama a atenção. Após longas negociações, o banco francês deverá pagar 8,9 bilhões de dólares de multa por operações realizadas fora dos Estados Unidos mas que envolveram países sob embargo norte-americano, como Irã, Sudão e Cuba.

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A hegemonia do dólar permitiu às autoridades norte-americanas aplicarem uma multa recorde ao banco, em uma iniciativa que irritou as autoridades francesas.

Esta "Lex Americana" também mostrou sua força no polêmico caso da dívida soberana da Argentina , reestruturada depois da moratória de 2001.

Em uma decisão sem precedentes, a justiça americana condenou a Argentina a suspender o pagamento a seus credores até que o país pague também aos fundos especulativos, que litigaram durante anos nos tribunais.

Esse bloqueio, que a princípio deveria se restringir aos títulos da dívida emitida em Nova York, foi estendido às obrigações emitidas sob a legislação britânica, nominadas em euros e livres de qualquer relação com os Estados Unidos.

Fundos de investimentos já solicitaram um "esclarecimento" ao juiz americano que cuida do caso. "O tribunal deve esclarecer o porquê de a sua sentença não se referir ao pagamento das obrigações nominadas em euros", questiona uma moção apresentada à corte dos EUA e consultada pela AFP.

Para não deixar dúvidas sobre sua hegemonia, em julho entrou em vigor a chamada Lei FATCA, pela qual Washington se concedeu o direito de exigir a dezenas de milhares de bancos informações detalhadas sobre as contas de cidadãos norte-americanos no exterior.

A sanção para os bancos que não aceitem a ordem é a eventual proibição de operar no território norte-americano.

Esta ofensiva, que tem como objetivo combater a evasão fiscal, foi energicamente criticada por diversos países por seu evidente unilateralismo.

George Ugeux, ex-vice-presidente da Bolsa de Valores de Nova York, disse à AFP que, com esses três casos, os norte-americanos enviam uma mensagem "muito clara" a quem quiser escutá-los: "Não brinquem com a gente".

Para o analista, a maior potência econômica mundial ainda concentra um "considerável" poder baseado no dólar, principal moeda de reserva no mundo.

O advogado Fargad Alavi, disse em Washington à AFP que "as sanções econômicas passaram de uma resposta aos atentados de 11 de setembro a um instrumento de política externa".

Em relação à punição ao BNP Paribas, as autoridades francesas já convocaram a Europa a se mobilizar e a "ampliar" a utilização do euro.

Por outro lado, analistas também alertam que a expansão da "Lex Americana" poderia gerar efeitos nocivos para o país.

Se as normas americanas se tornarem muito "restritivas", os investidores podem se sentir tentados a "transferir" suas atividades a outros mercados, disse à AFP Barry Bosworth, economista da Brookings Institution.

Contudo, nos Estados Unidos, nem o Tesouro nem o meio empresarial temem uma redução do poder do dólar frente o euro.

"Não há um consenso europeu em relação aos Estados Unidos e também é preciso lembrar que o euro, há alguns meses, estava ameaçado de desaparecer", disse Ugeux.

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