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Envelhecimento populacional pode refrear crescimento econômico, diz WEF

Não é novidade que o crescimento da população idosa preocupa. Considere, por exemplo, a cidade de São Paulo. Segundo uma projeção feita pela Fundação Seade, instituição de pesquisa ligada ao governo paulista, o número de pessoas com mais de 50 anos terá mais do que dobrado até 2025 e chegará 3,7 milhões de pessoas. Já […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h56.

Não é novidade que o crescimento da população idosa preocupa. Considere, por exemplo, a cidade de São Paulo. Segundo uma projeção feita pela Fundação Seade, instituição de pesquisa ligada ao governo paulista, o número de pessoas com mais de 50 anos terá mais do que dobrado até 2025 e chegará 3,7 milhões de pessoas. Já a população com mais de 60 anos passará de 2 milhões. Na contra-mão, a população jovem encolherá graças a taxas muito baixas de crescimento e aí, se sobrarão escolas, faltarão hospitais e outros serviços ligados à área de saúde. Haverá condição de as sociedades arcarem com o custo do envelhecimento?

A questão a ser discutida não é só o custo da aposentadoria de um cidadão de mais de 60 anos, mas sobretudo quanta riqueza deixa de ser gerada com a saída dele do mercado de trabalho, segundo afirma um relatório feito pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), em parceria com a Watson Wyatt Worldwide, divulgado no encontro de Davos encerrado neste domingo (25/1).

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O relatório revela que, se o produto da economia é determinado pela combinação dos níveis de crescimento da população economicamente ativa e da sua capacidade de produzir, nos países desenvolvidos - onde as projeções de déficit de mão-de-obra são significativas -, a oferta de bens e serviços pode não ser suficiente para suprir a demanda e manter os padrões de vida atuais.

Não são poucos os países, afirma o relatório, que tendem a sofrer com essa redução da força de trabalho. Em 2030, por exemplo, o número de trabalhadores ativos da Itália será ultrapassado pelo de aposentados, e a situação não é mais confortável para os outros países da União Européia, até mesmo para os menos desenvolvidos. Por isso, alerta o relatório, se a tendência demográfica e econômica atual for mantida, há risco de que a participação do bloco no produto total global, hoje de 18%, caia para 10% em 2050. Já a fatia do Japão, seria reduzida de 8% para 4%.

O estudo sugere algumas medidas que podem ser tomadas pelos países para evitar que isso aconteça. Uma delas é permitir aumentos generosos nas taxas de imigração. Mesmo assim, diz o WEF, ainda que muitos países desenvolvidos abrissem sem muitas restrições suas fronteiras, não seria tarefa fácil compensar as baixas taxas de fertilidade. No Japão, por exemplo, para que isso acontecesse, a taxa de imigração no longo prazo teria de ser 11 vezes superior à atual. Já na Alemanha e na França, elas teriam que aumentar entre 2,5 e 4,4 vezes, respectivamente. Alcançar as quotas necessárias poderia ainda trazer problemas para os governos, que teriam que lidar com reações adversas resultantes da baixa popularidade da medida.

Outra ação importante sugerida pelo estudo é fazer crescer a participação na força de trabalho de grupos que podem ter maior representatividade, como mulheres em idade de trabalho, jovens adultos e aposentados. Na França, por exemplo, o cenário ideal sugerido é de uma participação na força de trabalho de mulheres com idades entre 25 e 54 anos de 92% em 2010. Em 2000, essa fatia ainda era de 78%. Já a Alemanha, em 2010, precisaria que 43% dos homens com mais de 55 anos e 21% das mulheres nessa mesma faixa etária fossem parte da população economicamente ativa para que a produção do país não fosse comprometida.

Segundo o estudo, se esses países não conseguirem atingir as cotas de participação necessárias, há ainda uma outra saída: aumentar a produtividade dos trabalhadores via investimento de capital ou melhoria dos modelos de gestão. "Mas como nenhuma dessas soluções é mágica, é claro que os fluxos de capital e mão-de-obra entre fronteiras devem ser melhorados", disse John Haley, presidente da Watson Wyattt. O que não é muito difícil de fazer, segundo aponta o estudo. Alguns motivos? De acordo com o WEF, os 335 milhões de trabalhadores que a Índia deve colocar no mercado de trabalho nos próximos 30 anos equivalem ao conjunto das populações em idade de trabalho de toda a União Européia e dos Estados Unidos em 2000. Já o México, que hoje, assim como a Alemanha, tem 50 milhões de pessoas em idade de trabalho, terá o dobro do que terá o país europeu em 2030. "Se os países desenvolvidos não conseguirem achar mão-de-obra dentro de suas próprias fronteiras, será necessário exportar capital e, dessa forma, manter os padrões de vida internos, assim como melhorar os dos países que receberão esses recursos", diz Haley.

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