Dívida externa deve superar reservas pela 1ª vez desde 2007
O avanço da dívida privada pode ser explicado em parte pelo fato de o custo de captação para as grandes empresas ser mais vantajoso no exterior em alguns casos
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2015 às 08h25.
São Paulo - Pela primeira vez desde 2007, a dívida externa brasileira poderá superar as reservas internacionais do País. Um boletim do banco Credit Suisse indica que a projeção para as reservas neste ano é de US$ 367 bilhões, e para a dívida, de US$ 368 bilhões.
Nos últimos anos, a dívida externa brasileira tem avançado mais pela tomada de empréstimo das empresas . Em 2002, o montante devido pelas diferentes esferas de governos (US$ 110 bilhões) e pelas companhias (US$ 100 bilhões) era praticamente o mesmo. Neste ano, essa relação será de US$ 95 bilhões e US$ 273 bilhões, respectivamente.
O avanço da dívida privada pode ser explicado em parte pelo fato de o custo de captação para as grandes empresas ser mais vantajoso no exterior em alguns casos. "Um outro aspecto importante é o acesso às linhas de mais longo prazo obtidas apenas no exterior", diz Otto Nogami, professor do Insper.
Setor público
Já o aumento da dívida externa do setor público - embora tenha variado pouco - pode ser explicado pelos empréstimos tomados pelos governos em organismos multilaterais como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o financiamento de obras.
Na avaliação de Nogami, o ajuste fiscal em andamento pode levar o setor público a buscar mais recursos nessas instituições. "Como a necessidade de obras de infraestrutura se tornam maiores, a tomada de recursos via esses organismos pode ser uma das únicas alternativas para os governos executarem os projetos", afirma.
Para 2016, o Credit Suisse estima as reservas em US$ 372 bilhões, e a dívida externa, em US$ 393 bilhões, sendo US$ 100 bilhões do setor público e US$ 293 bilhões do setor privado.
Confiança
Em anos anteriores, o Brasil conseguiu manter uma relação positiva entre as reservas internacionais e a dívida externa por causa da forte entrada recursos.
Com a adoção do chamado tripé macroeconômico (câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário) no segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a manutenção dessa política na gestão Luiz Inácio Lula da Silva, a economia brasileira ganhou credibilidade e passou a atrair recursos para o investimento no mercado de ações, em títulos públicos e privados, além, evidentemente, da taxa de juros elevada, que atrai o investidor de fora.
Essa confiança na economia brasileira ficou clara na disparada das reservas. Em 2002, por exemplo, elas somavam US$ 18 bilhões. Esse valor subiu para US$ 180 bilhões em 2007. Nos últimos anos, as reservas internacionais têm se mantido estáveis em US$ 370 bilhões.
"Em 2005 e 2006, no mercado internacional, a avaliação já era de que a economia brasileira poderia ser considerada como grau de investimento independentemente das agências de risco", afirma Simão Silber, professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP) - a economia brasileira só foi elevada a grau de investimento em abril de 2008 pela Standard & Poors. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Pela primeira vez desde 2007, a dívida externa brasileira poderá superar as reservas internacionais do País. Um boletim do banco Credit Suisse indica que a projeção para as reservas neste ano é de US$ 367 bilhões, e para a dívida, de US$ 368 bilhões.
Nos últimos anos, a dívida externa brasileira tem avançado mais pela tomada de empréstimo das empresas . Em 2002, o montante devido pelas diferentes esferas de governos (US$ 110 bilhões) e pelas companhias (US$ 100 bilhões) era praticamente o mesmo. Neste ano, essa relação será de US$ 95 bilhões e US$ 273 bilhões, respectivamente.
O avanço da dívida privada pode ser explicado em parte pelo fato de o custo de captação para as grandes empresas ser mais vantajoso no exterior em alguns casos. "Um outro aspecto importante é o acesso às linhas de mais longo prazo obtidas apenas no exterior", diz Otto Nogami, professor do Insper.
Setor público
Já o aumento da dívida externa do setor público - embora tenha variado pouco - pode ser explicado pelos empréstimos tomados pelos governos em organismos multilaterais como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o financiamento de obras.
Na avaliação de Nogami, o ajuste fiscal em andamento pode levar o setor público a buscar mais recursos nessas instituições. "Como a necessidade de obras de infraestrutura se tornam maiores, a tomada de recursos via esses organismos pode ser uma das únicas alternativas para os governos executarem os projetos", afirma.
Para 2016, o Credit Suisse estima as reservas em US$ 372 bilhões, e a dívida externa, em US$ 393 bilhões, sendo US$ 100 bilhões do setor público e US$ 293 bilhões do setor privado.
Confiança
Em anos anteriores, o Brasil conseguiu manter uma relação positiva entre as reservas internacionais e a dívida externa por causa da forte entrada recursos.
Com a adoção do chamado tripé macroeconômico (câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário) no segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a manutenção dessa política na gestão Luiz Inácio Lula da Silva, a economia brasileira ganhou credibilidade e passou a atrair recursos para o investimento no mercado de ações, em títulos públicos e privados, além, evidentemente, da taxa de juros elevada, que atrai o investidor de fora.
Essa confiança na economia brasileira ficou clara na disparada das reservas. Em 2002, por exemplo, elas somavam US$ 18 bilhões. Esse valor subiu para US$ 180 bilhões em 2007. Nos últimos anos, as reservas internacionais têm se mantido estáveis em US$ 370 bilhões.
"Em 2005 e 2006, no mercado internacional, a avaliação já era de que a economia brasileira poderia ser considerada como grau de investimento independentemente das agências de risco", afirma Simão Silber, professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP) - a economia brasileira só foi elevada a grau de investimento em abril de 2008 pela Standard & Poors. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.