Desenrola Brasil vai abranger 37 milhões de CPFs e renegociar R$ 50 bilhões em dívidas, diz Haddad
Com validação, Fazenda agora desenvolverá sistema. Anúncio oficial não deve ocorrer nesta semana
Editor de Macroeconomia
Publicado em 6 de março de 2023 às 14h11.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que validou com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o desenho do programa Desenrola Brasil. De acordo com Haddad, o programa deve girar em torno de R$ 10 bilhões para uma dívida estimada em R$ 50 bilhões, envolvendo 37 milhões de CPFs negativados. O programa será oficializado por meio de uma medida provisória.
"Validamos com o presidente o desenho do projeto Desenrola. Ele autorizou a contratação do desenvolvimento do sistema, que é complexo porque envolve credores privados. Os credores vão entrar num programa pelo tamanho do desconto que se dispuserem a dar aos devedores, justamente aqueles que estão com o nome e o CPF negativado no Serasa ou empresas semelhantes", disse Haddad.
O programa ficará a cargo do secretário de reformas econômicas, Marcos Costa Barbosa Pinto. Segundo Haddad, Pinto deixou a reunião antecipadamente para tratar do desenho do sistema e dar uma previsão de quando ficará pronto. "Temos que modelar o sistema para que quanto maior seja o desconto mais chances o credor tenha de receber o débito que vai ser honrado pelo devedor", afirmou o ministro da Fazenda.
Segundo Haddad, Lula não quer lançar o programa antes de saber quando o sistema ficará pronto.
Como funcionará o Desenrola Brasil
O ministro esclareceu que o Desenrola Brasil não terá linha de corte de renda para que os cidadãos possam aderir -- nem as empresas. Segundo ele, estarão envolvidas todas as pessoas com nome negativado no país.
No entanto, o Tesouro Nacional vai dar garantia para as dívidas de cidadãos com até dois salários mínimos de renda. "O desenrola não tem linha de corte. Vai envolver todas as pessoas negativadas", disse Haddad. "Para aquelas pessoas até dois salários mínimos o desconto que vão receber, justamente pela fragilidade econômica dessas famílias, terá de ser maior. Mas todas as empresas que aderirem ao desenrola terão que dar algum desconto aos devedores."