Economia

Copom eleva pela nona vez a taxa Selic, para 19,75% ao ano

Contrariando as expectativas do mercado, a autoridade monetária aumentou a taxa em 0,25 ponto percentual, sem viés

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h17.

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (18/5), sem viés. Com isso, a Selic passou para 19,75% ao ano. Trata-se do nono aumento consecutivo dos juros, desde que o Banco Central (BC) iniciou sua política de ajuste gradual da taxa, em setembro do ano passado (se você é assinante, leia ainda porque é difícil explicar os juros altos no Brasil em reportagem de EXAME).

A decisão foi tomada por unanimidade e contrariou as expectativas do mercado, que esperava a manutenção da Selic em 19,50% ao ano. Segundo analistas consultados pelo jornal britânico Financial Times, uma nova alta dos juros seria um "tiro no p" do próprio BC, pois colocaria em risco a própria retomada da economia. "Se o Banco Central elevar mais os juros, estará atirando no próprio p", afirmou Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao jornal.

Em nota divulgada pela Fiesp após a decisão do Copom, o presidente da Federação, Paulo Skaf, criticou a insistência do BC em usar os juros como instrumento de contenção da inflação. "O Banco Central deveria ajudar o governo a desenvolver outros instrumentos para controlar a inflação", afirmou no comunicado. Skaf lembrou que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, recentemente, que é necessário encontrar outros modos de combater a alta de preços.

Acima da meta

O BC já havia manifestado sua preocupação sobre o recente aumento das expectativas de inflação para este ano. O último Relatório de Mercado divulgado pelo banco mostra que o mercado continua elevando suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza as metas do governo. Durante a semana passada, as projeções das instituições consultadas subiram para 6,39%, contra 6,30% na semana anterior. Foi a 11ª semana consecutiva de alta das expectativas. A meta de inflação para 2005 é de 5,1%.

Ao elevar os juros, o BC procura encarecer o crédito para conter o consumo e, assim, evitar que uma forte demanda pressione os preços de bens e serviços. Mas os analistas começam a discordar da eficiência dessa estratégia. Para a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), por exemplo, o aumento desta quarta-feira terá um efeito limitado sobre as operações de crédito.

Segundo a Anefac, os juros para os consumidores já estão bastante elevados, o que atenua o impacto do reajuste da Selic. Com a nova taxa, os juros no comércio passarão de 6,10% para 6,12% ao mês e o cartão de crédito cobrará 10,28% ao mês, em vez de 10,26% uma diferença de apenas 0,02 ponto percentual. "Tendo em vista a gordura existente nas taxas de juros cobradas na ponta aos tomadores de crédito, é possível que alguns bancos nem repassem esse aumento da Selic. Por isso, esta nova alta era desnecessária", afirma a entidade.

2005
Maio

19,75 % ao ano
Abril

19,50 % ao ano
Março

19,25 % ao ano
Fevereiro

18,75 % ao ano
Janeiro

18,25 % ao ano
  <br>
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    <tr valign="bottom"> 
      <td colspan="2" bgcolor="ececec"><b>2004</b></td>
    </tr>
    <tr valign="bottom"> 
      <td width="100">Dezembro</td>
      <td>


17,75 % ao ano Novembro
17,25 % ao ano Outubro
16,75 % ao ano Setembro
16,25 % ao ano Agosto
16 % ao ano Julho
16 % ao ano Junho
16 % ao ano Maio
16 % ao ano Abril
16 % ao ano Março
16,25 % ao ano Fevereiro
16,5 % ao ano Janeiro
16,5 % ao ano

2003
Dezembro

16,5 % ao ano
Novembro

17,5 % ao ano
Outubro

19 % ao ano
Setembro

20 % ao ano

Fonte: BC

Clique aqui para ver a série histórica da Selic desde 5/3/1999

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