Economia

Construção civil supera projeções e deve crescer 6,8% neste ano

A expectativa era de que o setor avançasse 4,5%, mas a retomada de obras fora dos grandes centros urbanos contribuiu para melhorar o desempenho

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.

Após três anos em recessão, a construção civil encerrará 2004 melhor do que esperava. O setor deve crescer 6,8% neste ano, acima da projeção anterior de 4,5%, segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). O desempenho será suficiente para recuperar as perdas de 5,2% registradas pelo setor no ano passado, mas está longe de cobrir a retração de 9,5%, acumulada entre 2001 e 2003.

Parte do crescimento esperado pelo setor para este ano é atribuída pelo Sinduscon-SP à fraca base de comparação dos anos anteriores. "Tivemos uma grande depressão na construção civil nos últimos anos. Obviamente, se temos uma base deprimida, qualquer crescimento será percentualmente alto", afirma o presidente do Sinduscon-SP, João Claudio Robusti. "A expansão do setor ainda é tímida para aquilo que o país precisa em termos de desenvolvimento sustentável", diz.

Outra parcela da expansão do setor provém da retomada de obras fora dos grandes centros urbanos, sobretudo aquelas tocadas por empresas de maior porte. Segundo a economista Ana Maria Castelo, da GV Consult, um sinal de que são as grandes construtoras que puxaram o desenvolvimento do setor é o consumo de vergalhões, que subiu 21,5% no acumulado até outubro. "As grandes construtoras são as que mais consomem esses materiais, devido ao porte das obras", afirma Ana Maria.

O consumo de cimento, porém, apresentou uma taxa bem mais modesta de crescimento no mesmo período: 0,24%. No estado de São Paulo, a demanda por esse material registrou, inclusive, um recuo de 5% sobre os dez primeiros meses do ano passado.

Expansão fora de São Paulo

Confome Ana Maria, a melhor explicação para a queda do consumo de cimento em São Paulo é que a retomada da construção concentrou-se em outras regiões do país. O principal indicador, neste caso, é o nível de emprego. Na média, o emprego formal na construção aumentou 2,44% entre janeiro e setembro. Em algumas regiões, porém, a taxa foi bem maior. É o caso do Mato Grosso, Tocantins e Rio Grande do Norte, cujos postos de trabalho subiram mais de 10% no mesmo período.

"O emprego formal voltou com força, mas está fora dos grandes centros urbanos", afirma Ana Maria. Em São Paulo, o fenômeno se repete. O nível de emprego subiu 1% na capital até setembro. Na região industrial do ABCD, composta pelas cidades de Santo André, São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo e Diadema, e no sudoeste do estado, as taxas foram bem maiores: 10,4% e 7,7%, respectivamente.

Pessimismo nas pequenas empresas

A concentração do crescimento nas grandes construtoras está despertando pessimismo das pequenas empresas em relação aos próximos meses. O Sinduscon-SP estima que o PIB da construção civil subirá 4,6% em 2005, mas a expectativa de que a expansão seja compartilhada é cada vez mais fraca entre as companhias de menor porte.

Uma sondagem do Sinduscon-SP com 310 empresários do setor, dos quais 60% representam pequenas empresas, mostrou uma deterioração das projeções para 2005. A maioria dos entrevistados acredita que o desempenho de suas empresas, no próximo ano, será inferior ao de 2004. A maior parte também está mais pessimista em relação ao crescimento econômico. "Como a maior parte da sondagem é composta por pequenos empresários, podemos concluir que o avanço da construção não está chegando nessas empresas", afirma Ana Maria.

Tornar o crescimento do setor mais homogêneo é o grande desafio de 2005, segundo Robusti. Para que isso ocorra, o presidente do Sinduscon-SP prega o combate à informalidade que atinge o setor. Robusti lembra que as empresas formais representam apenas 35% da construção civil, mas arcam com 75% da arrecadação de impostos do segmento.

Robusti defendeu, ainda, a desburocratização do acesso ao crédito imobiliário. Ele observa que, no próximo ano, a construção civil deverá contar com 12 bilhões de reais em recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). O montante sobe para 14 bilhões, quando se somam os recursos do FGTS e do Orçamento Geral da União. "Temos que criar condições reais para aplicar essas quantias em habitação e saneamento", afirma.

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