Economia

Brasil não deve renovar cota do etanol e vai negociar com os EUA

Com o fim da cota, o Brasil deverá buscar uma abertura de negociação comercial com o governo Trump para evitar eventuais retaliações americanas

Etanol: compras de fora do Mercosul deverão passar a pagar taxa de 20% (Nacho Doce/Reuters)

Etanol: compras de fora do Mercosul deverão passar a pagar taxa de 20% (Nacho Doce/Reuters)

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Reuters

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 17h05.

Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 17h36.

O Brasil não deve renovar a cota sem tarifa para importação de etanol que vence nesta segunda-feira, e com isso as compras de fora do Mercosul deverão passar a pagar taxa de 20%, disse à Reuters uma fonte do governo com conhecimento do assunto.

Com o fim da cota, que prejudicaria principalmente os Estados Unidos, os maiores fornecedores dos brasileiros, o Brasil deverá buscar uma abertura de negociação comercial com o governo Donald Trump, para evitar eventuais retaliações americanas.

"A tendência é deixar cair [a cota] e sentar à mesa com os americanos para combinar um novo pacote, mais equilibrado", disse a fonte, que falou na condição de anonimato. "Deixa vencer [e volta a taxa de 20%]... e aí começa uma nova negociação do zero", acrescentou.

Uma negociação, contudo, dependeria de vontade política de Trump, que vem sendo pressionado por produtores em seu país a impor uma tarifa de importação, caso o Brasil não elimine a sua. Não foi possível confirmar imediatamente a informação com representantes do governo.

Mais cedo, o jornal Valor Econômico publicou em sua versão online que o Brasil não renovará a cota de importação de etanol com tarifa zero, citando fontes do governo. A não renovação da cota anual é um pedido do poderoso lobby agrícola no Brasil. No entanto, ao agradar o setor agrícola, o presidente Jair Bolsonaro desagradaria Trump e produtores de etanol e de milho antes da eleição dos Estados Unidos em um momento em que as vendas de combustível estão baixas devido à pandemia.

Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), disse anteriormente que qualquer liberalização no comércio de etanol deve ser seguida por um movimento para reduzir o imposto de importação dos Estados Unidos sobre o açúcar brasileiro. A Unica acredita que de outra forma não haverá ganho para o Brasil renovar a cota ou eliminar a tarifa.

Anteriormente, a fonte havia afirmado à Reuters que a discussão fora retirada da reunião da semana passada da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão interministerial que define essas questões.

Na ocasião a fonte disse que a negociação com os Estados Unidos poderia tomar três caminhos: livre-comércio de etanol por livre-comércio em açúcar; manutenção do regime de cotas, com uma calibragem na quantidade e distribuição ao longo do ano; e fim do regime de cotas com uma calibragem na tarifa.

A fonte disse ainda que a opção mais realista é a segunda, com a manutenção do regime de cotas.

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