Economia

Brasil e Argentina buscam estender acordo automotivo

Países planejam estender o acordo por mais um ano, mas lados ainda precisam acertar a extensão do comércio livre de taxação


	Carros: negociações ocorrem em um momento de forte queda nas exportações de veículos do Brasil, que têm na Argentina seu principal mercado comprador
 (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Carros: negociações ocorrem em um momento de forte queda nas exportações de veículos do Brasil, que têm na Argentina seu principal mercado comprador (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 20h32.

Brasília - Brasil e Argentina planejam estender o acordo automotivo por mais um ano, mas os dois países ainda precisam acertar a extensão do comércio livre de taxação, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges.

As negociações ocorrem em um momento de forte queda nas exportações de veículos do Brasil, que têm na Argentina seu principal mercado comprador. O recuo nas exportações tem contribuído para um quadro de redução na produção brasileira de veículos, agravado por um mercado interno retraído.

Borges acrescentou que o governo brasileiro está buscando formas de estimular também os bancos locais para oferecer mais crédito para os consumidores brasileiros comprarem automóveis diante da queda nos índices de inadimplência. No primeiro trimestre, as vendas de veículos novos no Brasil caíram 2 por cento sobre um ano antes.

Automóveis representam metade do comércio entre os dois vizinhos e a renovação do acordo é crucial para restaurar os volumes de negociação, ajudando a reduzir os déficits em conta corrente de ambos.

No ano passado, Brasil e Argentina não chegaram a um acordo sobre quantos carros e autopeças podem entrar em cada país sem taxação, baseado numa fórmula conhecida por "flex".

Autoridades governamentais e empresários estão se reunindo em Brasília nesta semana para acertar o novo limite do flex que vai permitir a extensão do acordo por mais um ano.

"Temos um entendimento inicial que nós prorrogaremos por 12 meses o acordo como ele está, alterando o flex novamente para dar conforto para os argentinos", afirmou Borges. "Não podemos ter um flex que diminui escala", emendou.

As regras flex anteriores que expiraram no ano passado permitiram ao Brasil exportar sem tarifas 195 dólares em valor relativo a carros e autopeças a cada 100 dólares exportados pela Argentina.

A Argentina propôs reduzir o flex para o valor das exportações para 130 dólares a cada 100 dólares importados, o que iria reduzir o déficit comercial com o Brasil, o quarto maior mercado de automóveis do mundo.

Segundo Borges, o Brasil quer um limite maior, mas vê legitimidade na proposta argentina.

A escassez de dólares na Argentina tem restringido as exportações brasileiras de automóveis, eletrodomésticos e outros bens manufaturados, reduzindo o superávit comercial do Brasil no ano passado ao menor nível em mais de uma década. A indústria automotiva compõe cerca da metade dos 36 bilhões de dólares em comércio anual entre a Argentina e o Brasil.

As relações comerciais entre os dois países têm sido tensas nos últimos dois anos por conta das restrições às importações impostas pela Argentina para proteger seu cada vez menor superávit comercial, o que tornou difícil para as empresas acessarem dólares para pagar pelas importações.

Nos primeiros três meses do ano, as exportações brasileiras para a Argentina caíram 13 por cento em comparação com o mesmo período do ano passado.

Borges disse que a extensão do acordo e uma série de medidas para facilitar os fluxos de crédito entre os dois países devem ajudar os produtores brasileiros e fornecer liquidez aos importadores argentinos.

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