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Após sinalização, BC tem pouco espaço para não subir juros

A alta da taxa básica de juros mostraria o compromisso do BC com a convergência da inflação para o centro da meta em 2017

Notas de real: a alta da taxa básica de juros mostraria o compromisso do BC com a convergência da inflação (Stock.xchng/ Afonso Lima)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2016 às 14h01.

São Paulo - O Banco Central tem pouco espaço para não subir os juros agora, sem arriscar sua credibilidade, depois dos sinais e recados transmitidos recentemente ao mercado apontando para a elevação da Selic na reunião do Copom desta semana, ainda que a eficácia da medida seja discutível, avaliam economistas.

"Teremos juros mais altos, com a expectativa de inflação muito perto do que está agora e com a consolidação da piora da trajetória da relação dívida/PIB", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

"Então, não deveria subir, mas a essa altura do campeonato isso é irrelevante porque eles já plantaram isso... e a hipótese de não subir juros agora não existe", acrescentou.

O ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman é até mais enfático na necessidade de o BC elevar os juros para reafirmar sua independência, mas não só por isso.

"Se não subir, fica muito difícil negar a história (de interferência política) porque a sinalização foi muito forte", disse Schwartsman, que acredita que o BC precisa fazer isso também para evitar que os custos para conter a alta dos preços sejam ainda maiores no futuro.

"Se não fizer nada agora, a inflação vai crescer e vai ficar mais difícil tratar lá para frente... A gente perdeu o bonde de fazer isso com custo baixo lá em 2011 e 2012", disse.

A alta da taxa básica de juros mostraria o compromisso do BC com a convergência da inflação para o centro da meta em 2017 --de 4,5 por cento com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual-- justamente no momento em que a turbulência econômica e política têm dificultado a aprovação de medidas do ajuste fiscal.

"À essa altura, a melhor contribuição que um Banco Central pode dar para ajudar a gerar emprego e renda é controlar a inflação", disse o diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

"Uma das razões para o sentimento tão negativo (na economia) é a inflação descontrolada."

Em sua carta para explicar o estouro da meta de inflação em 2015, o presidente do BC, Alexandre Tombini, voltou a sinalizar que a autoridade monetária iria retomar a elevação dos juros em breve.

Tombini reiterou que a política monetária deve permanecer vigilante, reforçando o discurso que o BC vinha adotando desde o fim do ano passado.

Apesar de muitos economistas considerarem que uma nova alta de juros é a única opção do BC no momento, há quem acredite que a economia está enfraquecida demais para suportar novas altas da Selic.

"Não sei se vai ou não, mas a gente acha que não deveria ter um novo ciclo de aperto porque o necessário é o ajuste fiscal... Não adianta um novo ciclo se o fiscal não for ajustado. Nunca vai ser suficiente", disse a economista do Santander Tatiana Pinheiro.

No último ciclo de aperto monetário, o Copom levou a Selic de 11 por cento em setembro de 2014 para 14,25 por cento em julho do ano passado, patamar onde permanece desde então.

A recente substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa à frente do Ministério da Fazenda não foi bem recebida pelos agentes do mercado, que temem a volta de políticas expansionistas e menos compromisso com o ajuste fiscal, ainda que o próprio ministro tenha reafirmado que o equilíbrio das contas públicas segue como prioridade.

A mudança abalou a já frágil confiança e chegou a levar o mercado a questionar a autonomia do BC para a tomada de decisões, o que coloca ainda mais pressão sobre a decisão desta semana.

Economistas veem a inflação fechando 2016 em 7,00 por cento, desacelerando para 5,40 por cento em 2017, segundo a última pesquisa Focus, do BC.

Em julho e agosto do ano passado, o Focus passou a mostrar as expectativas para a inflação de 2017 mais próximas de 4,5 por cento, mas depois elas voltaram a subir, alimentadas pela deterioração dos cenários político e econômico e pela inflação de 2015 mais acentuada do que se previa inicialmente.

Para este ano, a meta é de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Em 2017, a meta continua a mesma, mas com uma margem menor.

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São Paulo - O Banco Central tem pouco espaço para não subir os juros agora, sem arriscar sua credibilidade, depois dos sinais e recados transmitidos recentemente ao mercado apontando para a elevação da Selic na reunião do Copom desta semana, ainda que a eficácia da medida seja discutível, avaliam economistas.

"Teremos juros mais altos, com a expectativa de inflação muito perto do que está agora e com a consolidação da piora da trajetória da relação dívida/PIB", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

"Então, não deveria subir, mas a essa altura do campeonato isso é irrelevante porque eles já plantaram isso... e a hipótese de não subir juros agora não existe", acrescentou.

O ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman é até mais enfático na necessidade de o BC elevar os juros para reafirmar sua independência, mas não só por isso.

"Se não subir, fica muito difícil negar a história (de interferência política) porque a sinalização foi muito forte", disse Schwartsman, que acredita que o BC precisa fazer isso também para evitar que os custos para conter a alta dos preços sejam ainda maiores no futuro.

"Se não fizer nada agora, a inflação vai crescer e vai ficar mais difícil tratar lá para frente... A gente perdeu o bonde de fazer isso com custo baixo lá em 2011 e 2012", disse.

A alta da taxa básica de juros mostraria o compromisso do BC com a convergência da inflação para o centro da meta em 2017 --de 4,5 por cento com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual-- justamente no momento em que a turbulência econômica e política têm dificultado a aprovação de medidas do ajuste fiscal.

"À essa altura, a melhor contribuição que um Banco Central pode dar para ajudar a gerar emprego e renda é controlar a inflação", disse o diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

"Uma das razões para o sentimento tão negativo (na economia) é a inflação descontrolada."

Em sua carta para explicar o estouro da meta de inflação em 2015, o presidente do BC, Alexandre Tombini, voltou a sinalizar que a autoridade monetária iria retomar a elevação dos juros em breve.

Tombini reiterou que a política monetária deve permanecer vigilante, reforçando o discurso que o BC vinha adotando desde o fim do ano passado.

Apesar de muitos economistas considerarem que uma nova alta de juros é a única opção do BC no momento, há quem acredite que a economia está enfraquecida demais para suportar novas altas da Selic.

"Não sei se vai ou não, mas a gente acha que não deveria ter um novo ciclo de aperto porque o necessário é o ajuste fiscal... Não adianta um novo ciclo se o fiscal não for ajustado. Nunca vai ser suficiente", disse a economista do Santander Tatiana Pinheiro.

No último ciclo de aperto monetário, o Copom levou a Selic de 11 por cento em setembro de 2014 para 14,25 por cento em julho do ano passado, patamar onde permanece desde então.

A recente substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa à frente do Ministério da Fazenda não foi bem recebida pelos agentes do mercado, que temem a volta de políticas expansionistas e menos compromisso com o ajuste fiscal, ainda que o próprio ministro tenha reafirmado que o equilíbrio das contas públicas segue como prioridade.

A mudança abalou a já frágil confiança e chegou a levar o mercado a questionar a autonomia do BC para a tomada de decisões, o que coloca ainda mais pressão sobre a decisão desta semana.

Economistas veem a inflação fechando 2016 em 7,00 por cento, desacelerando para 5,40 por cento em 2017, segundo a última pesquisa Focus, do BC.

Em julho e agosto do ano passado, o Focus passou a mostrar as expectativas para a inflação de 2017 mais próximas de 4,5 por cento, mas depois elas voltaram a subir, alimentadas pela deterioração dos cenários político e econômico e pela inflação de 2015 mais acentuada do que se previa inicialmente.

Para este ano, a meta é de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Em 2017, a meta continua a mesma, mas com uma margem menor.

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