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Após ata do Copom, economistas apostam em fim dos cortes da Selic

Tom cauteloso da ata divulgada nesta quinta-feira (27/4) mostra que o Banco Central pode encerrar em breve o ciclo de redução da taxa básica de juros

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h36.

Mais um corte de 0,75 ponto percentual, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em maio, e a taxa básica de juros poderá permanecer imóvel pela maior parte do ano. A avaliação dos economistas baseia-se na ata da última reunião da autoridade monetária, divulgada nesta quinta-feira (27/4). No documento, o BC adota um tom mais cauteloso e afirma que o combate à inflação "poderá demandar que a flexibilização adicional da política monetária seja conduzida com maior parcimônia".

Para o economista Jason Vieira, da consultoria GRC Visão, a passagem possui duas implicações principais. A primeira é que descarta, definitivamente, o aumento do ritmo de corte da Selic. Durante os últimos meses de 2005, a taxa foi reduzida a 0,5 ponto percentual a cada encontro. Com o aumento da periodicidade das reuniões do Copom de 30 para 45 dias, a partir de janeiro, o ritmo nominal de corte subiu para 0,75 ponto - o que, na prática, equivale ao mesmo 0,50 ponto dos encontros mensais. Diante dos sinais positivos da economia e da demanda dos empresários, os analistas chegaram a cogitar uma aceleração dos cortes para 1 ponto percentual. Para Vieira, porém, a ata mostra que o Copom está satisfeito com a atual política monetária.

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A segunda é que descartar doses maiores de flexibilização dos juros pode ser o contraponto do BC ao atual ministério da Fazenda, comandado por Guido Mantega, um reconhecido crítico da ortodoxia de seu antecessor, Antonio Palocci. Segundo Vieira, diante da "tendência muito mais acentuada aos gastos do que o [ministro da Fazenda] anterior, o Banco Central pode estar chegando ao fim do uso do instrumento de afrouxamento monetário", ou seja, ao fim do ciclo de cortes de juros, iniciado em setembro de 2005, quando a taxa caiu 0,25 ponto, para 19,25% ao ano, após 17 meses sem cair.

Com a redução de 0,75 ponto determinada em 20 de abril, a taxa Selic baixou para 15,75% ao ano. Segundo o último relatório de mercado do BC, as instituições financeiras consultadas esperam que a taxa de juros termine o ano em 14%. Para o Departamento de Economia do ABN Amro Real a ata de hoje pode significar que o Copom não romperá a "barreira psicológica" dos 15% neste ano. O banco acredita, porém, que, apesar da desaceleração nos cortes, o BC irá "testar novos limites para a taxa real de juros". Segundo a GRC Visão, a taxa real de juros brasileira, hoje, é de 11,1% ao ano - a maior do mundo.

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