Economia

Alencar e Meirelles voltam a divergir sobre juros

De nada adiantaram os elogios do subsecretário do Tesouro americano, John Taylor, à política monetária brasileira, já que os juros em 26,5% continuam rendendo polêmica entre membros do próprio governo. Enquanto isso, presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira (5/6) que fará tudo o que for necessário para reduzir a inflação. Meirelles criticou […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h51.

De nada adiantaram os elogios do subsecretário do Tesouro americano, John Taylor, à política monetária brasileira, já que os juros em 26,5% continuam rendendo polêmica entre membros do próprio governo. Enquanto isso, presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira (5/6) que fará tudo o que for necessário para reduzir a inflação.

Meirelles criticou a interpretação dada às suas declarações do dia anterior, em Londres. Na capital britânica, o presidente do BC falou sobre o Brasil a investidores. "Há muitas mentiras na imprensa sobre a discussão dos juros", disse ele, durante palestra para o International Institute of Finance, em Berlim (Alemanha). "Faremos tudo o que for necessário para baixar a inflação para o patamar desejado." Ao comentar o período de transição e a inflação herdada, o mercado interpretou a fala de Meirelles como a sinalização de um eventual corte de juros.

O vice-presidente José Alencar (PL) também voltou a criticar os juros altos do governo. De forma menos incisiva, em Salvador, Alencar defendeu o crescimento do país diante de mais de 400 empresários, no congresso das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil. "O Brasil precisa retomar o crescimento porque hoje somos um país do subconsumo. Temos que reagir", disse ele. Alencar ainda elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. "Sei que eles estão preocupados com as taxas de juros e o nível do desemprego, e estão fazendo tudo para que o país possa crescer", afirmou o vice. "Reclamo dos juros desde que abri meu primeiro comércio (em 1949)." Naquela época, ele teria pedido um empréstimo ao irmão para montar o comércio em Muriaé e pagou a dívida com juros. Hoje Alencar é dono da indústria têxtil Coteminas.

A oposição tucana quer ver o vice reclamar mais para a sociedade. O presidente da Comissão de Economia, Indústria, Comércio e Turismo da Câmara dos Deputados, deputado Leo Alcântara (PSDB-CE), convidou Alencar a falar sobre as taxas de juros em audiência pública na comissão. A data da audiência ainda será definida.

A Liderança do PT foi contra o convite. Em nome do partido, o deputado Rubens Otoni (PT-GO) manifestou-se contra o requerimento. "Embora não seja a nossa intenção, pode passar a imagem de que estaríamos fazendo o jogo da intriga política. Se é para debater os juros, os convidados deveriam ser outros", disse Otoni. Além dele, também votou contra o deputado Delfim Neto (PP-SP). Abstiveram-se Jairo Carneiro (PFL-BA) e Zico Bronzeado (PT-AC). Os demais deputados (22 assinaram a lista de presença) votaram a favor.

O tucano Alcântara explicou que o objetivo do convite "é dar ao vice-presidente o fórum adequado para que ele manifeste sua opinião sobre a política de juros, e possa debater com profundidade com os deputados". Segundo a Agência Câmara, Zico Bronzeado disse que "a vinda do vice-presidente só vai arranhar a situação política, porque ele não tem competência constitucional para vir aqui debater a questão dos juros".

O vice-presidente da Comissão, Ronaldo Dimas (PSDB-TO), afirmou que "não há cunho político, os juros são exorbitantes mesmo e nós queremos ouvir diretamente o vice-presidente para ter pleno conhecimento do que ele pensa a respeito". Bismarck Maia (PSDB-CE) e Giacobo (PPS-PR) também apoiaram o requerimento.

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