Os 5 maiores riscos econômicos para o mundo, segundo o WEF
Do desemprego ao estouro de bolhas, veja quais são os riscos que podem balançar a economia mundial nos próximos 18 meses de acordo com o Fórum Econômico Mundial
João Pedro Caleiro
Publicado em 16 de janeiro de 2016 às 06h01.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h21.
São Paulo - Começa na semana que vem em Davos , na Suíça , o tradicional encontro do Fórum Econômico Mundial. Como prévia, a organização lançou ontem um relatório com os maiores riscos enfrentados pela economia global, definidos com base nas respostas de 750 membros do Fórum. Em termos de probabilidade, os 5 maiores riscos são, em ordem: migração involuntária de grande escala, eventos climáticos extremos, o fracasso da adaptação e mitigação das mudanças climáticas, conflitos entre estados com consequências regionais e grandes catástrofes naturais. Em termos de impacto, os 5 maiores são, em ordem: o fracasso da adaptação e mitigação das mudanças climáticas, armas de destruição em massa, crise da água, migração involuntária de grande escala e choques do preço de energia. Só este último é propriamente de natureza econômica, mas outros aparecem no ranking completo. Dois em específico ( desemprego /subemprego e choques de preços de energia) são mencionados como riscos da mais alta preocupação para fazer negócios em 140 economias. Veja quais são os 5 riscos econômicos que entraram no top 10 do Fórum - ou entre os mais prováveis, ou entre os de maior impacto.
A ameaça do desemprego e do subemprego é vista como o maior risco para os negócios em 41 países e está no top 5 em 92 países. O problema aumentou em todas as grandes economias desde a crise de 2007 e além de prejudicar o crescimento e a estabilidade social, deixa marcas perenes nos afetados. O desemprego na Europa, que chega a chocantes 50% entre a juventude grega, "ameaça tirar as habilidades de toda uma geração, agravando ainda mais a busca dos negócios por trabalhadores com o tipo correto de competências para competir na acelerada economia global atual", diz o Fórum. Com as mudanças tecnológicas, ninguém pode dizer com segurança qual é sua tendência de longo prazo e reformas profundas no sistema de educação se tornaram urgentes.
O comércio ilegal era considerado parte do risco de "governança nacional" e só agora é tratado como algo separado - e importante. "Atividades de larga escala fora de parâmetros legais como fluxo financeiro ilícito, evasão fiscal, tráfico de pessoas, falsificação e crime organizado minam as interações sociais, a colaboração regional e internacional e o crescimento global", diz o relatório do Fórum. Um estudo recente de Euromonitor aponta que o valor do comércio ilegal representa de 8% a 15% do PIB global. A estimativa mais alta bate nos US$ 12 trilhões em 2014, mesmo tamanho do PIB da China, a segunda maior economia do mundo.
Quando o Fórum fala em choques de preços de energia, pode ser uma alta ou uma queda inesperada. Naturalmente, isso importa bastante para países exportadores de commodities como o Brasil e o Canadá (neste, é a preocupação número 01). Na Europa, a energia mais barata alimentou a deflação (o que é ruim) mas liberou recursos para o consumo (o que é bom). Já para os países do Oriente Médio, o tombo do petróleo de 70% só nos últimos 18 meses gerou uma crise que pede por medidas ousadas. "Os preços baixos estão levando a uma queda de exportações e receita, prejudicando as finanças públicas, minando o planejamento financeiro e ameaçando expor uma economia com diversificação frequentemente insuficiente", diz o Fórum. Em nenhum lugar isso é tão claro quanto na Arábia Saudita.
As crises fiscais chegaram a ser o risco de principal impacto para o mundo nos relatórios de 2011 e 2014. Apesar de terem perdido importância relativa, continuam preocupando: "A consolidação fiscal está começando a dar resultado, mas a dívida do governo em economias avançadas ainda está projetada para chegar a 104,2% do PIB em 2016, muito maior do que o nível pré-crise de 71,6% em 2007", diz o relatório. Em economias emergentes, há alguns pontos de atenção como o Brasil, onde o setor público registrou déficit primário de R$ 39,5 bilhões de janeiro a novembro de 2015 (ou 0,73% do PIB), enquanto o déficit nominal, que também inclui o pagamento de juros, foi de R$ 549 bilhões nos 12 meses até novembro (ou impressionantes 9,3% do PIB).
O risco de bolhas de ativos ficou em primeiro lugar nas preocupações de 11 economias, principalmente da Europa e Ásia, e no top 5 em 40 países que representam mais de metade do PIB mundial. "Longe de afetar apenas especuladores, o estouro de bolhas de ativos afeta negócios ao longo de toda a economia - particularmente onde a alavancagem induz o contágio através do sistema bancário. Na medida em que cai a confiança dos negócios, o mesmo acontece com o consumo, a renda e o investimento, o que pode levar a uma recessão prolongada", diz o Fórum. Esse risco aumentou na medida em que a política monetária expansiva do pós-crise, combinada com juros baixos, levou a um ambiente de busca de retorno em determinados tipos de ativos que subiram muito de preço. São bolhas? Só o tempo dirá.