Previsões econômicas de um otimista cauteloso
O economista Eduardo Giannetti fala aos empreendedores do programa Exame Mentoria PME sobre as perspectivas econômicas para o Brasil.
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Eduardo Giannetti: economista
Publicado em 20 de setembro de 2016, 16h28.
Última atualização em 21 de dezembro de 2016, 10h33.
“Há algum tempo, as pessoas me perguntavam se eu estava vendo a luz no fim do túnel e eu respondia que não via nem o túnel. Agora, estou vendo a luz no fim do túnel. Acho que existe um caminho delineado que permite ver um momento de virada para a economia brasileira, depois de dois anos de recessão profunda e de falta de perspectiva em relação ao que poderíamos esperar mais a frente”.
Ouça a íntegra da palestra de Eduardo Giannetti.
Com essas palavras o economista Eduardo Giannetti começou sua palestra aos empresários do programa EXAME Mentoria PME, evento para o desenvolvimento de empreendedores organizado por EXAME em parceria com a Fundação Dom Cabral. Giannetti dividiu sua exposição em dois momentos.
Inicialmente, falou das condições que o deixam “cautelosamente otimista” com relação ao futuro do país. Na segunda parte de sua palestra, Giannetti discorreu sobre duas questões estruturais que o Brasil precisa superar para conquistar “um horizonte de prosperidade duradoura e de crescimento com qualidade”.
De saída, Giannetti falou dos elementos da conjuntura brasileira atual que permitem vislumbrar um movimento de virada e retorno do crescimento. Estes elementos estão ligados a politica monetária, a balança comercial, e a ociosidade de capital físico e humano.
No aspecto monetário, há a perspectiva de queda da inflação, que vai permitir a redução do juro. No setor externo, as exportações começam a reagir, sinalizando um equilíbrio na balança comercial. Há ainda alta ociosidade de capital físico (máquinas) e, principalmente, humano.
Este capital ocioso está prontamente disponível para a produção – o que na opinião do economista é positivo no caso de uma retomada econômica. Giannetti disse apostar em um “crescimento da economia para o ano que vem na casa de 1,5% a 2%”.
Qual é o elemento de risco que paira neste cenário? Segundo Giannetti, o risco é a ocorrência de acidentes de percurso no campo da política que afetem o presidente interino e o seu grupo de assessores mais próximos, prejudicando a governabilidade do presidente Michel Temer. “Isso poderia inviabilizar o governo”.
Barreiras estruturais
Na segunda parte de sua palestra, Giannetti discorreu sobre duas questões estruturais que impedem o desenvolvimento do país. São elas, o esgotamento do ciclo de expansão fiscal e a falência do presidencialismo de coalizão. “São dois grandes temas que exigirão um tratamento mais ousado dos nossos governantes”, disse Giannetti. Para o economista, estes dois temas não serão pauta deste governo. “Serão pauta a partir de 2018, com as novas eleições, e a renovação da legitimidade do governo brasileiro”.