Em tempos de maus-lençóis, nós mulheres fazemos a diferença
A pandemia colocou à prova a competência de chefes de governo ao redor do mundo. Nessas horas, a liderança de mulheres fez a diferença
Leo Branco
Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 15h56.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 16h55.
A pandemia foi um contratempo devastador que nenhum líder mundial esperava. Todos foram pegos de surpresa e, neste contexto, colocou-se à prova a competência de chefes de governo ao redor do mundo.
A partir daí, passamos não só a olhar para novos exemplos de lideranças , como a primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern , mas também a compará-los com outros líderes mais tradicionais. É provável que, em algum momento, você tenha se deparado com alguma notícia ou artigo, afirmando que durante o combate à covid-19 , países liderados por mulheres se saíram melhor.
Porém, em um artigo escrito para a revista Politics and Gender, Jennifer Piscopo, Professora de Política na Occidental College, em Los Angeles, constatou algo até então desconsiderado: o fato de que essas mulheres governavam especificamente a categoria de países do qual já são esperadas respostas efetivas às situações de caos público: democracias consolidadas e com políticas públicas de alto desempenho.
Então devemos tirar o mérito feminino no combate à pandemia?
Absolutamente não! Por mais que inúmeras manchetes possam ter tirado conclusões precipitadas ao estabelecer uma correlação entre mulheres em posições centrais de liderança e eficiência no combate ao vírus, os fatos não se equivocaram ao afirmar que durante a pandemia, as mulheres fizeram toda a diferença.
Tão importantes quanto as políticas públicas implementadas por essas líderes mundiais, mesmo que em democracias já bem estabelecidas, foram os esforços das outras mulheres, seja nos setores público e privado, no terceiro setor ou até mesmo na vida doméstica.
Temos diversos exemplos de mulheres dos setores público e privado que foram decisivas para enfrentar a crise sanitária, como por exemplo, Ester Sabino , coordenadora do sequenciamento do coronavírus, e Margareth Dalcolmo , pesquisadora da Fiocruz.
Ambas estão na lista de 20 mulheres de sucesso de 2021 da Forbes. Além disso, vale ressaltar que, no mundo, 70% dos agentes de saúde pública comunitária e assistentes sociais são mulheres que agem de forma excepcional para a melhoria e incentivo às práticas como vacinação, limpeza e profilaxia de outras doenças.
Para ilustrar a atuação feminina no terceiro setor durante a pandemia, e nesse momento peço escusas à modéstia, posso usar meu próprio exemplo. Junto ele à Comunitas, conseguimos captar mais de 200 milhões de reais provenientes da iniciativa privada para ações de contingenciamento da pandemia, incluindo a viabilização da nova fábrica do Butantan, que produzirá vacinas.
Como fruto do nosso esforço, também fui prestigiada com um lugar na lista da Forbes ao lado de mulheres excepcionais que entendem que a todos e todas cabem o dever social.
O impacto feminino no combate à pandemia está muito mais perto do que imaginamos. As mulheres não precisam necessariamente ocupar posições de poder para fazer a diferença. De acordo com um artigo da Foreign Policy, as mulheres possuem um papel crucial na saúde de suas famílias.
Cabe a elas um papel categórico para a identificação e erradicação de doenças, já que durante a pandemia, os primeiros sintomas são geralmente reportados a uma mãe, tia ou avó, que atuam como tomadoras de decisão primárias em relação ao isolamento, procura de ajuda profissional e higiene. Isso me leva a ressaltar, novamente, o protagonismo feminino durante os chamados “tempos atípicos”.
Mulher como agente de mudança
Não há dúvidas de que pandemia serviu para exaltar a força da mulher como agente de mudança. Em certa ocasião, Eleanor Roosevelt, ilustre diplomata norte-americana do século XX, e peça-chave na criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, afirmou que as mulheres não conhecem sua verdadeira força, até estarem em maus lençóis.
Supondo que a pandemia possa ser enquadrada como “maus lençóis”, provamos que a ex-Primeira-Dama dos Estados Unidos (Eleanor foi casada com o presidente democrata Franklin Delano Roosevelt) não poderia estar mais certa, afinal, fizemos toda a diferença.
A pandemia foi um contratempo devastador que nenhum líder mundial esperava. Todos foram pegos de surpresa e, neste contexto, colocou-se à prova a competência de chefes de governo ao redor do mundo.
A partir daí, passamos não só a olhar para novos exemplos de lideranças , como a primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern , mas também a compará-los com outros líderes mais tradicionais. É provável que, em algum momento, você tenha se deparado com alguma notícia ou artigo, afirmando que durante o combate à covid-19 , países liderados por mulheres se saíram melhor.
Porém, em um artigo escrito para a revista Politics and Gender, Jennifer Piscopo, Professora de Política na Occidental College, em Los Angeles, constatou algo até então desconsiderado: o fato de que essas mulheres governavam especificamente a categoria de países do qual já são esperadas respostas efetivas às situações de caos público: democracias consolidadas e com políticas públicas de alto desempenho.
Então devemos tirar o mérito feminino no combate à pandemia?
Absolutamente não! Por mais que inúmeras manchetes possam ter tirado conclusões precipitadas ao estabelecer uma correlação entre mulheres em posições centrais de liderança e eficiência no combate ao vírus, os fatos não se equivocaram ao afirmar que durante a pandemia, as mulheres fizeram toda a diferença.
Tão importantes quanto as políticas públicas implementadas por essas líderes mundiais, mesmo que em democracias já bem estabelecidas, foram os esforços das outras mulheres, seja nos setores público e privado, no terceiro setor ou até mesmo na vida doméstica.
Temos diversos exemplos de mulheres dos setores público e privado que foram decisivas para enfrentar a crise sanitária, como por exemplo, Ester Sabino , coordenadora do sequenciamento do coronavírus, e Margareth Dalcolmo , pesquisadora da Fiocruz.
Ambas estão na lista de 20 mulheres de sucesso de 2021 da Forbes. Além disso, vale ressaltar que, no mundo, 70% dos agentes de saúde pública comunitária e assistentes sociais são mulheres que agem de forma excepcional para a melhoria e incentivo às práticas como vacinação, limpeza e profilaxia de outras doenças.
Para ilustrar a atuação feminina no terceiro setor durante a pandemia, e nesse momento peço escusas à modéstia, posso usar meu próprio exemplo. Junto ele à Comunitas, conseguimos captar mais de 200 milhões de reais provenientes da iniciativa privada para ações de contingenciamento da pandemia, incluindo a viabilização da nova fábrica do Butantan, que produzirá vacinas.
Como fruto do nosso esforço, também fui prestigiada com um lugar na lista da Forbes ao lado de mulheres excepcionais que entendem que a todos e todas cabem o dever social.
O impacto feminino no combate à pandemia está muito mais perto do que imaginamos. As mulheres não precisam necessariamente ocupar posições de poder para fazer a diferença. De acordo com um artigo da Foreign Policy, as mulheres possuem um papel crucial na saúde de suas famílias.
Cabe a elas um papel categórico para a identificação e erradicação de doenças, já que durante a pandemia, os primeiros sintomas são geralmente reportados a uma mãe, tia ou avó, que atuam como tomadoras de decisão primárias em relação ao isolamento, procura de ajuda profissional e higiene. Isso me leva a ressaltar, novamente, o protagonismo feminino durante os chamados “tempos atípicos”.
Mulher como agente de mudança
Não há dúvidas de que pandemia serviu para exaltar a força da mulher como agente de mudança. Em certa ocasião, Eleanor Roosevelt, ilustre diplomata norte-americana do século XX, e peça-chave na criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, afirmou que as mulheres não conhecem sua verdadeira força, até estarem em maus lençóis.
Supondo que a pandemia possa ser enquadrada como “maus lençóis”, provamos que a ex-Primeira-Dama dos Estados Unidos (Eleanor foi casada com o presidente democrata Franklin Delano Roosevelt) não poderia estar mais certa, afinal, fizemos toda a diferença.