Um partido e duas Unimeds na mira de uma investigação
A Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab) quer uma investigação sobre a ação de inconstitucionalidade
Publicado em 16 de novembro de 2017 às, 13h19.
Última atualização em 16 de novembro de 2017 às, 13h21.
Uma ação direta de inconstitucionalidade contra administradoras de planos de saúde vai colocar o Partido Social Liberal (PSL) e duas Unimeds no centro de uma investigação. A ADI 5756 foi ajuizada pelo PSL no Supremo Tribunal Federal no dia 15 de agosto com o argumento de que a existência das administradoras — que fazem a intermediação entre pacientes e operadoras de saúde — causa uma distorção no mercado ao inviabilizar a contratação direta de planos coletivos de saúde com as operadoras.
A Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab) pediu para entrar como parte interessada na ação, o que está em análise pelo relator do caso, o ministro Gilmar Mendes. EXAME apurou que a entidade prepara um pedido de investigação sobre o processo em que se deu a ação direta de inconstitucionalidade, uma vez que a associação teve conhecimento de documentos que demonstrariam que o texto apresentado pelo PSL foi discutido, preparado e revisado com executivos da Central Nacional Unimed e da Seguros Unimed.
Parte do material, a que EXAME teve acesso, indica que as discussões se deram por quase três meses, entre junho e o início de agosto deste ano. As suspeitas, nesse caso, apontam para o chamado “aluguel de partido”, quando um partido político assume interesses privados — a investigação indicaria se houve algum benefício para isso. Procurada, a Anab diz que “não é parte no processo, mas requereu seu ingresso nos autos” e que pode “auxiliar o Tribunal com informações relevantes”. O PSL não retornou o pedido de entrevista.
Seguros Unimed e Central Nacional Unimed afirmam que “apoiam todas as iniciativas para aperfeiçoar o marco regulatório da saúde suplementar” e que questionam, desde 2009, “de forma aberta e transparente, as resoluções que determinaram a intermediação dos contratos coletivos por administradoras de benefícios”.
Atualização: em nota enviada após o fechamento da edição, o PSL diz que o que tem a comentar sobre a ação é que "ela questiona normativos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que, ao entendimento do Partido, contrariam os princípios da livre concorrência de mercado e, portanto, ferem o interesse dos consumidores de planos de saúde. Nesse sentido, o PSL tem por prática discutir amplamente suas teses, ouvindo os segmentos interessados, pautando e participando do debate público."