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“Minha prioridade continua sendo segurança”

Murilo Ferreira caminhava para terminar 2015 como o executivo mais poderoso do Brasil. Além de presidir a mineradora Vale, era o presidente do conselho de administração da Petrobras. De setembro para cá, três eventos mudaram radicalmente o cenário – sua saída repentina da petroleira, o acidente com as barragens da mineradora Samarco (cujo controle é dividido entre Vale e a inglesa BHP), e uma queda abrupta do preço do minério […] Leia mais

PL

Primeiro Lugar

Publicado em 18 de dezembro de 2015 às 11h21.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h48.

Murilo Ferreira caminhava para terminar 2015 como o executivo mais poderoso do Brasil. Além de presidir a mineradora Vale, era o presidente do conselho de administração da Petrobras. De setembro para cá, três eventos mudaram radicalmente o cenário – sua saída repentina da petroleira, o acidente com as barragens da mineradora Samarco (cujo controle é dividido entre Vale e a inglesa BHP), e uma queda abrupta do preço do minério de ferro. Ferreira falou com exclusividade a EXAME sobre seus desafios – e disse que, em Minas Gerais, não teria feito nada diferente. A edição de EXAME nas bancas traz um perfil completo de Ferreira.

O senhor sempre falou em foco simplicidade. Agora, tem que enfrentar diversos desafios ao mesmo tempo – preço do minério, Samarco, conclusão de S11D. Qual a prioridade?
Minha prioridade sempre foi e continua sendo segurança. É isso o que vimos perseguindo desde que assumi a presidência. Eu não começo nenhuma conversa, quando visito as áreas operacionais, sem falar de segurança. Para mim, enquanto houver uma única pessoa machucada não temos direito nem motivo para comemorar.

O senhor tem sido criticado pela reação ao acidente na Samarco. O episódio vai ser uma a mancha em sua gestão à frente da Vale?
Antes de tudo, precisamos ter certeza sobre o que aconteceu. A partir daí, teremos, com toda certeza, um grande aprendizado. Temos que encarar esse acidente como um grande aprendizado para a indústria da mineração – e eu tenho certeza de que será assim. Ele pode e deve ser uma mola propulsora para que se revejam padrões, se aprenda com o ocorrido e se façam mudanças que não eram necessárias até o dia em que o acidente ocorreu.

É justa a cobrança que a sociedade está fazendo à Vale pelo acidente na Samarco?
Não acho a cobrança injusta. As pessoas têm o direito de cobrar por aquilo que percebem que poderia ter sido melhor, que poderia ter sido evitado. E incomoda muito também porque estávamos absolutamente convencidos de que a Samarco estava fazendo o melhor. Mas agora é hora de agir. E a contribuição da Vale será recuperar a Bacia do Rio Doce, um projeto que já tínhamos começado no ano passado. Eu mesmo visitei o rio, vi a degradação, a falta de mata ciliar, o assoreamento, as nascentes mortas. Infelizmente, o assunto só ganhou senso de urgência a partir do acidente. Mas tenho certeza de que deixaremos como legado a recuperação do Rio Doce, assim como foi feito com o Rio Tâmisa. Este é o nosso compromisso.

Teria feito alguma coisa diferente no episódio da Samarco?
Não. Estou seguro, como disse anteriormente, que fizemos o que era importante naquele momento: apoiar a Samarco, fornecer recursos, apoio, cuidar das pessoas. As pessoas são a parte mais importante num episódio como este. E nós pensamos nelas em primeiro lugar. Assim como agora é tempo de elaborar os planos de ação para médio e longo prazos.

O senhor topou presidir o conselho da Petrobras em paralelo à presidência da Vale. Acabou saindo sete meses depois. A ida para a Petrobrás foi um erro?
Não. Tenho por princípio que não adianta apontar o dedo e criticar; os cidadãos têm que colaborar. Foi o que fiz: tentei ajudar. Como percebi que não era possível, por diversas razões, deixei o Conselho. Acho que a Petrobras, mais do que nunca, precisa de harmonia, pois com harmonia, calma e serenidade ela vai achar o seu caminho. Acho que minha saída foi um facilitador para esse caminho.