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Candidato, o tema é sustentabilidade: o senhor tem mil minutos

Questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável deveriam estar na primeira fila de prioridades de candidatas e candidatos em todo o país

Usina eólica: nas últimas eleições presidenciais, em 2018, boa parte dos candidatos nem sequer abordou as mudanças climáticas em seus programas (Divulgação/Ari Versiani/PAC/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 25 de março de 2022 às 17h27.

Última atualização em 25 de março de 2022 às 17h28.

Por Luis Henrique Guimarães*

Num ambiente tão polarizado politicamente como o nosso, um triste cenário vem se repetindo a cada ano de eleições no Brasil : temas importantes para nosso país são deixados à margem do debate para dar lugar a intrigas, ataques e, muitas vezes, baixarias de todo tipo.

Um dos temas que mais sofrem com isso é o da sustentabilidade. Sofre mais porque sempre teve baixo apelo na corrida eleitoral e, na sociedade como um todo, apesar de conquistar cada vez mais urgência, ainda não atingiu o patamar de importância em que deveria estar. O resultado é que, quando a guerra começa no horário político, o tema praticamente inexiste.

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Nas últimas eleições presidenciais, em 2018, boa parte dos candidatos nem sequer abordou as mudanças climáticas em seus programas de governo.

Nas declarações sobre o assunto, alguns se mostravam mais preocupados com privatizações no setor elétrico do que com a necessidade de investimentos para a transição energética.

Já no mais recente pleito para prefeituras, em 2020, o termo “sustentabilidade” aparecia somente três vezes no programa do candidato vencedor na maior cidade do país, e nenhuma no plano do que ficou em segundo lugar – essa consulta é possível por meio da plataforma “Vota Aí”, desenvolvida por duas pesquisadoras da UERJ.

É uma pena que seja assim. Questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável deveriam estar na primeira fila de prioridades de candidatas e candidatos a cargos executivos e legislativos em todo o país.

E por quê? Primeiro, por uma questão de sobrevivência. Já está mais do que alardeado pela ciência que um futuro minimamente palatável para humanidade depende disso, sobretudo no que diz respeito a mantermos o aquecimento global em no máximo 1,5 grau centígrado até o fim do século.

E há um outro motivo que diz respeito ao Brasil especificamente. Esta é a maior chance – e talvez a única – de o país se tornar uma grande potência e liderar a guinada verde da economia mundial. Perdoem-me os leitores por repetir isso sempre, mas só o faço porque é muito importante: peguem a matriz energética mais limpa do mundo, acrescentem a agricultura mais eficiente que existe, uma legislação ambiental rígida e moderna e a maior e mais rica em biodiversidade floresta do planeta, e vejam o que um país com visão de futuro é capaz de fazer.

O setor privado e a sociedade civil não podem perder esta oportunidade. Precisamos neste momento exigir o comprometimento e o empenho da classe política nesta agenda, propondo e implementando políticas públicas que, de um lado, deem o devido valor a tudo aquilo que Brasil tem de insuperável e, de outro, ajudem a corrigir nossos descompassos históricos.

Muita gente já está se mexendo. Em 2018, 170 entidades do agronegócio e de ONGs ambientais e do clima se uniram para lançar um documento com 28 propostas para os presidenciáveis. A coalizão reuniu organizações que muitas vezes têm divergências entre si, mas que encontraram uma pauta comum com capacidade de direcionar o Brasil a aumentar ainda mais sua produtividade agrícola, preservando os biomas e ajudando o resto do mundo a mitigar as mudanças climáticas.

Entre as propostas havia mudanças na matriz energética, ações para atrair investimentos nacionais e internacionais e inventivos para o desenvolvimento da agricultura de baixo carbono e recuperação florestal em áreas degradadas.

No ano passado, presidentes de 105 grandes empresas – eu entre eles – e 10 entidades setoriais assinaram o Manifesto Empresários pelo Clima, que foi entregue ao governo brasileiro e levado à COP26, a conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que ocorreu em novembro último.

No manifesto, o setor produtivo brasileiro dizia que acredita na retomada verde e que o Brasil tem todas as condições para uma rápida transição para o baixo carbono, devendo para isso aperfeiçoar seu arcabouço político-regulatório que apoie essa trajetória.

Importante lembrar que em junho próximo completam-se 30 anos da Rio-92, a histórica conferência da ONU que reuniu 178 chefes de governo no Brasil para discutir os desafios socioambientais do mundo. O documento mais importante lá produzido, a Agenda 21, estabeleceu para nosso país os desafios da inclusão social e do desenvolvimento sustentável, áreas em que ainda temos muito a progredir e, repito, condições de liderar o contexto global se dermos a elas a urgência que precisam.

Portanto vou terminar este artigo com um apelo: senhora candidata e senhor candidato, vamos falar de sustentabilidade?

*Luis Henrique Guimarães é presidente da Cosan.

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Por Luis Henrique Guimarães*

Num ambiente tão polarizado politicamente como o nosso, um triste cenário vem se repetindo a cada ano de eleições no Brasil : temas importantes para nosso país são deixados à margem do debate para dar lugar a intrigas, ataques e, muitas vezes, baixarias de todo tipo.

Um dos temas que mais sofrem com isso é o da sustentabilidade. Sofre mais porque sempre teve baixo apelo na corrida eleitoral e, na sociedade como um todo, apesar de conquistar cada vez mais urgência, ainda não atingiu o patamar de importância em que deveria estar. O resultado é que, quando a guerra começa no horário político, o tema praticamente inexiste.

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Nas últimas eleições presidenciais, em 2018, boa parte dos candidatos nem sequer abordou as mudanças climáticas em seus programas de governo.

Nas declarações sobre o assunto, alguns se mostravam mais preocupados com privatizações no setor elétrico do que com a necessidade de investimentos para a transição energética.

Já no mais recente pleito para prefeituras, em 2020, o termo “sustentabilidade” aparecia somente três vezes no programa do candidato vencedor na maior cidade do país, e nenhuma no plano do que ficou em segundo lugar – essa consulta é possível por meio da plataforma “Vota Aí”, desenvolvida por duas pesquisadoras da UERJ.

É uma pena que seja assim. Questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável deveriam estar na primeira fila de prioridades de candidatas e candidatos a cargos executivos e legislativos em todo o país.

E por quê? Primeiro, por uma questão de sobrevivência. Já está mais do que alardeado pela ciência que um futuro minimamente palatável para humanidade depende disso, sobretudo no que diz respeito a mantermos o aquecimento global em no máximo 1,5 grau centígrado até o fim do século.

E há um outro motivo que diz respeito ao Brasil especificamente. Esta é a maior chance – e talvez a única – de o país se tornar uma grande potência e liderar a guinada verde da economia mundial. Perdoem-me os leitores por repetir isso sempre, mas só o faço porque é muito importante: peguem a matriz energética mais limpa do mundo, acrescentem a agricultura mais eficiente que existe, uma legislação ambiental rígida e moderna e a maior e mais rica em biodiversidade floresta do planeta, e vejam o que um país com visão de futuro é capaz de fazer.

O setor privado e a sociedade civil não podem perder esta oportunidade. Precisamos neste momento exigir o comprometimento e o empenho da classe política nesta agenda, propondo e implementando políticas públicas que, de um lado, deem o devido valor a tudo aquilo que Brasil tem de insuperável e, de outro, ajudem a corrigir nossos descompassos históricos.

Muita gente já está se mexendo. Em 2018, 170 entidades do agronegócio e de ONGs ambientais e do clima se uniram para lançar um documento com 28 propostas para os presidenciáveis. A coalizão reuniu organizações que muitas vezes têm divergências entre si, mas que encontraram uma pauta comum com capacidade de direcionar o Brasil a aumentar ainda mais sua produtividade agrícola, preservando os biomas e ajudando o resto do mundo a mitigar as mudanças climáticas.

Entre as propostas havia mudanças na matriz energética, ações para atrair investimentos nacionais e internacionais e inventivos para o desenvolvimento da agricultura de baixo carbono e recuperação florestal em áreas degradadas.

No ano passado, presidentes de 105 grandes empresas – eu entre eles – e 10 entidades setoriais assinaram o Manifesto Empresários pelo Clima, que foi entregue ao governo brasileiro e levado à COP26, a conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que ocorreu em novembro último.

No manifesto, o setor produtivo brasileiro dizia que acredita na retomada verde e que o Brasil tem todas as condições para uma rápida transição para o baixo carbono, devendo para isso aperfeiçoar seu arcabouço político-regulatório que apoie essa trajetória.

Importante lembrar que em junho próximo completam-se 30 anos da Rio-92, a histórica conferência da ONU que reuniu 178 chefes de governo no Brasil para discutir os desafios socioambientais do mundo. O documento mais importante lá produzido, a Agenda 21, estabeleceu para nosso país os desafios da inclusão social e do desenvolvimento sustentável, áreas em que ainda temos muito a progredir e, repito, condições de liderar o contexto global se dermos a elas a urgência que precisam.

Portanto vou terminar este artigo com um apelo: senhora candidata e senhor candidato, vamos falar de sustentabilidade?

*Luis Henrique Guimarães é presidente da Cosan.

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