Vini Jr. e Gabi: vale a mudança de nome de atletas durante a carreira?
A alteração pode ser prejudicial por se tratar de uma 'marca' sendo desenvolvida e trabalhada ao longo dos anos
Publicado em 15 de dezembro de 2020 às, 11h28.
Chamou atenção neste último domingo, antes da partida contra o Santos, no Maracanã, a postagem do jogador Gabigol em suas redes sociais: "new name". O antigo e já popular Gabigol dava lugar ao nome de Gabi na camisa, apelido que ele é chamado por amigos e companheiros de Flamengo. De acordo com pessoas próximas ao atacante rubro-negro, a mudança não seguiu nenhuma recomendação mais técnica ou profissional de agências de publicidade ou assessoria, ao contrário do que aconteceu há alguns meses com Vinícius Jr.
Na ocasião, o camisa 20 do Real Madrid passou a estampar o nome de Vini Jr., seguindo uma recomendação da empresa que cuida da carreira do jogador - foi pensando de forma estratégica e comercial, diferente de Gabigol, ou Gabi, que simplesmente quis mudar por livre e espontânea vontade. Marcelo Palaia, professor de marketing esportivo pela ESPM e especialista na área, entende que essas alterações são mais prejudiciais do que benéficas aos atletas. "O nome de um atleta, assim como de músico, artista, celebridades, são verdadeiras marcas que eles passam a ter durante a carreira. O cuidado com essa marca, com o nome, tem que existir constantemente", alerta.
No caso de Vini Jr., a mudança seguiu uma linha de estudo de que era difícil pronunciar o nome Vinícius entre os catalões e até mesmo em outros países europeus e até mesmo asiáticos, como China e Japão, mercados em que o estafe do atacante já pensa a longo prazo - e por isso a alteração para Vini. Do mesmo jeito que muda o penteado a cada partida, pode ser que Gabi volte a querer ser chamado de Gabigol no futuro, mas o zelo com aquilo que chama de 'marca' precisa ser encarado com importância. "Imagina se Pelé quisesse, em meio a sua carreira, voltar ser chamado de Edson? É um reconhecimento de marca você cria ou desenvolve ao longo de toda vida profissional", finaliza Palaia.
Os atletas, de uma forma geral, precisam entender que seus nomes, quando bem trabalhados, realmente viram marcas que trascendem as competições. O CR7 de Cristiano Ronaldo, por si só, jé é uma marca valiosa, por exemplo. Ajustes, no princípio da carreira, podem fazer sentido. É a preparação para o trabalho de médio e longo prazo. A mudança no meio do caminho é machucar a marca e, eventualmente, até os ecos positivos que essa imprimem no próprio jogador.