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Paulistão 2021 equipara competições continentais e gerará quase 250 milhões de receita aos clubes

Principal campeonato estadual de futebol masculino do país durará três meses, mas distribuirá receita de competição continental

Abono do PIS/PASEP: Até 31 de maio, 1,83 milhão de trabalhadores ainda não haviam sacado o dinheiro (Vinicius Tupinamba/Thinkstock)
Abono do PIS/PASEP: Até 31 de maio, 1,83 milhão de trabalhadores ainda não haviam sacado o dinheiro (Vinicius Tupinamba/Thinkstock)
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Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 9 de março de 2021 às, 12h00.

Última atualização em 9 de março de 2021 às, 12h02.

Há tempos uma discussão permeia qualquer debate sobre o calendário do futebol masculino nacional: a necessidade de os clubes de elite ainda disputarem os estaduais. Os argumentos prós e contras são diversos. Os clubes, no entanto, passam longe dessa discussão. Especificamente em São Paulo, que tem o campeonato estadual mais forte e equilibrado do país, os clubes têm um motivo a mais para defender a manutenção da competição regional. Um motivo não, milhões deles.

O Esporte Executivo conversou com diversos gestores do futebol de São Paulo e traçou, com ineditismo, o perfil de distribuição dessas receitas de direitos de transmissão e publicidade estática que também é negociada pela Federação Paulista de futebol.

Os quatro clubes grandes (Corinthians, Palmeiras e São Paulo da Capital e o Santos) receberão neste ano 30 milhões de reais cada. Para os demais clubes, o repasse orbita entre seis e oito milhões de reais para as mesmas propriedades. Claro que com a pandemia os valores complementares não evoluirão, mas com público presente, somando receita de bilheteria e matchday dos jogos do Paulista, os clubes todas somam mais de R$ 300 milhões em receitas com tranquilidade. E esse poderio financeiro não pode ser ignorado.

A título de comparação, em outras competições, para que os clubes tenham mais receita do que com o Campeonato Paulista, eles precisam ter excepcional desempenho:

Quem disputa a Libertadores, principal competição do continente, para superar as receitas do Paulista, o clube precisa ser semifinalista, quando receberia R$ 40 milhões. Até as quartas, o clube recebe R$ 29 milhões. Quem disputa a Copa do Brasil, para ganhar mais que no Paulista, o clube precisa chegar às semifinais. Até as quartas, o clube recebe “apenas” R$ 18 milhões.

Para a disputa da Sul-Americana fica ainda mais evidente: Ou o clube é campeão (receberia cerca de R$ 47 milhões) ou o Paulista rende mais pela participação. Por fim, a comparação mais surreal: o Paulista 2021 pagará mais que a Série B do Brasileiro. É mais rentável nesse aspecto de receita disputar a principal competição regional do país que a segunda divisão nacional, que paga cerca de R$ 7 milhões a cada um de seus participantes.

Procurada por este blogueiro para confirmar os valores, a Federação Paulista de Futebol afirmou ao Esporte Executivo que “não emitiria qualquer comentário sobre as cotas distribuídas aos clubes”. Mas é absolutamente inegável que o poderio da competição faz com que os clubes não possam dela desdenhar. E nem deveriam.

É claro que não temos competições estaduais fortes em todo o Brasil e, com isso, o argumento contra elas diante de um pesado calendário se fortalece. Mas São Paulo mostra que ainda é protagonista nesse calendário. A Globo, que deixou de ter o Carioca em 2021, deve apostar muito de suas fichas no Paulista 2021 em sua grade além de SP. Também porque o contrato entre FPF e Globo está prestes a se encerrar. A manutenção da parceria em moldes semelhantes aos atuais, dará o tom sobre a supremacia de emissora e deste estadual nos próximos anos. Ou ambos seguem ganhando juntos ou ambos podem (se) perder.