Brasil ainda tem receitas baixas de faturamento com o “matchday”
Tendência é de crescimento cada vez maior do conceito no país nos próximos anos
Publicado em 8 de junho de 2019 às, 07h33.
Última atualização em 8 de junho de 2019 às, 07h33.
Há uma receita fundamental para grandes equipes do mundo: o “matchday”. Assim é considerada a receita gerada por todas as atividades que giram em torno de uma partida como bilheteria, camarotes, restaurantes, entre outros. O mercado norte-americano é expert nessa função. O Brasil, no entanto, derrapa quando o quesito é taxa de ocupação dos estádios. Lotando as arenas em dias de jogos, o mercado brasileiro considerar efetivamente as receitas de matchday como uma nova e importante entrada para as finanças.
Para André Monnerat, Head de Negócios da Feng Brasil, empresa especializada em projetos de engajamento de fãs e que é responsável pela venda de season tickets do Allianz Parque e administra os programas de sócio-torcedor de Flamengo, Santos e Vasco, este número está crescendo por diversos fatores. “As arenas mais novas, a evolução nos processos de venda de ingressos e o crescimento dos programas de sócio-torcedor contribuem para o aumento da frequência dos torcedores mais fiéis. Alguns movimentos também foram feitos para gerar receita pela venda de produtos dentro dos estádios. Hoje, são comuns, por exemplo, termos copos especiais de cada jogo à venda”, explica Monnerat. No entanto, ainda é possível melhorar na comunicação dos jogos e na produção deles como verdadeiros eventos. “É preciso melhorar os serviços e a atmosfera para gerar no público uma propensão maior a consumir lá dentro", completa o executivo.
No futebol, o exemplo a ser seguido é a Premier League, que tem receitas acima de US$ 700 milhões anuais arrecadados. Na Inglaterra, os níveis de ocupação dos estádios beiram os 100%, assim como a Bundesliga, que também apresenta números expressivos. Pensando nisso, clubes como o Fortaleza procuram alternativas para lucrar com os dias de jogos. Foi com esse intuito que o time cearense lançou no início do ano o projeto “Experiência Tricolor”. Criado no próprio conceito do matchday, o programa oferece um “dia de torcedor” para turistas e visitantes da cidade. Com três tipos de planos, ele pode dar o direito a um par de ingressos para o jogo do dia, um tour pela Arena Castelão e até uma camisa do time. O projeto ainda conta com transporte entre hotel e estádio. “Em grandes cidades de Europa ou dos Estados Unidos, na própria rede de hotéis eles oferecem um pacote completo para o turista com comodidade e segurança em um bom local e nós replicamos esse modelo. A cidade de Fortaleza é muito turística e muitos gostam de futebol, querem ir ao estádio acompanhar uma partida”, conta Marcelo Paz, presidente do Leão.
No Parc Olympique Lyonnais, estádio do Lyon que já recebeu grandes eventos como a Eurocopa de 2016, o torcedor tem uma experiência completa. São três zonas que se dividem em um espaço familiar com brinquedos especiais para crianças, um palco com atrações musicais, restaurantes e um parque que conta com futebol cinco vs. cinco e cerveja pong. Além disso, entre os serviços oferecidos pelos franceses estão informações com estatísticas e vídeos enviados em tempo real no celular do torcedor, que também poderá comprar comida ou produtos desde seu assento, por meio de um aplicativo.
A indústria do esporte e do entretenimento se profissionalizou nos últimos 10 anos como um todo no Brasil. Mas é preciso ainda mais da parte do clube, dos parceiros comerciais e dos gestores do esporte. Mas, principalmente, é preciso desenvolver a cultura no brasileiro, que, por questões diversas, como logística difícil, ainda estão acostumados a chegar em cima da hora do evento esportivo. Todos vão ganhar.