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Advogados assumem gestão de grandes clubes do Brasil. Por que?

Em uma rápida busca pela internet é possível ver ao menos 40 títulos de livros que dão ao advogado uma noção do mercado esportivo. O Esporte Executivo foi atrás e constatou que metade dos clubes do Campeonato Brasileiro Série A tem em sua presidência advogados. Mas por qual motivo essa formação está em alta no futebol? A especialização na área de gestão esportiva vem crescendo a cada ano. Em 2013, […] Leia mais

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Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 28 de agosto de 2015 às, 14h06.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h56.

Em uma rápida busca pela internet é possível ver ao menos 40 títulos de livros que dão ao advogado uma noção do mercado esportivo. O Esporte Executivo foi atrás e constatou que metade dos clubes do Campeonato Brasileiro Série A tem em sua presidência advogados. Mas por qual motivo essa formação está em alta no futebol?

A especialização na área de gestão esportiva vem crescendo a cada ano. Em 2013, segundo matéria da Veja São Paulo, nove instituições de ensino – somente na capital paulista – estavam aptas a receber alunos com essa ambição. Em paralelo a isso, o futebol brasileiro endossa cada vez em discussões frequentes sobre a implementação de uma gestão mais próxima do profissional.

Para identificar esse novo movimento jurídico dentro do futebol, o Esporte Executivo ouviu quatro profissionais que tem ou tiveram passagens recentes pelo futebol: André Zanotta, Rico Moreira, Rui Costa e Gustavo Vieira.

André Zanotta, que recentemente deixou o cargo de superintendente de esportes do Santos Futebol Clube, é um exemplo de que o mercado estrutural de gestão do clube de futebol busca uma relação mais estreita com o meio empresarial. O profissional fala cinco línguas e se empenhou em estudar a parte administrativa que envolvia a área do direito.

Após os relatos dos executivos uma coisa é fato: com o caminho que profissionalização do esporte toma, os advogados e outros profissionais tendem a ser cada vez mais aproveitados. “Não só advogados, profissionais em geral tendem – e precisam – ser mais e melhor aproveitados dentro do mundo do futebol. O futebol não pode ser administrado de maneira amadora, com base na paixão, como muito se fez e ainda se faz no Brasil. A paixão tem que ficar na arquibancada. É preciso que profissionais trabalhem a paixão do torcedor para que ele cada vez mais compareça aos estádios, consuma, participe, compre produtos”, explica Moreira dirigente do Audax.

Por outro lado, o impacto de uma gestão mais próxima de uma estrutura amadora com uma que ganha formas profissionais pode gerar certa desconfiança e até mesmo, o preconceito. Segundo Gustavo Vieira, ex-dirigente do São Paulo, o futebol, por ser um ambiente fechado, juntamente com os profissionais imbuídos de um espírito de autoproteção, conforme conta, fazem o preconceito ainda existir.

Todavia, para Rui Costa, executivo do Grêmio, a desconfiança dura pouco. “O preconceito pode até existir, num primeiro momento, mas ele não resistirá à capacidade do profissional de integrar os seus conhecimentos e as suas práticas aos princípios e conceitos que o futebol possui de forma muito especial,  o que é totalmente diferente de outras empresas. De outro lado existe, ainda, um desconhecimento significativo quanto à abrangência do trabalho de um Executivo de Futebol, que perpassa as questões administrativas e vai até o relacionamento com atletas, imprensa, dirigentes e torcedores”, comenta. E completa, dizendo que advocacia e futebol, neste contexto e diante dos cenários propostos em nível global, se complementam inequivocamente.

Zanotta também compartilha do ponto de vista de que a formação jurídica contribui em negociações com clubes, agentes e atletas. Além disso, o ex-dirigente do Santos exemplifica a função dentro do clube. “Vejo que profissionais com esse perfil conseguem encontrar soluções rápidas e eficientes para problemas que encontramos no dia a dia. Por exemplo, era muito comum durante o meu período no Santos, incluir em contratos “sanções negociais” ao invés de sanções financeiras, em caso de descumprimento de cláusulas. Como a realidade financeira dos clubes brasileiros é bastante instável, ao invés de cobrar valores que sabíamos que não seriam pagos e teriam que ser discutidos na justiça por muitos e muitos anos, alternativamente, fixávamos condições comerciais, como diminuição de taxa de vitrine, preferência na aquisição de jogador e assim por diante”, afirma.

Confira as profissões de alguns dos presidentes dos clubes do Campeonato Brasileiro:

Atlético Mineiro – Advogado

Atlético Paranaense – Advogado

Avaí – Advogado

Bahia – Jornalista

Cruzeiro – Advogado

Corinthians – Empresário do ramo de veículos

Coritiba – Cartorário

Flamengo – Administrador

Fluminense – Advogado

Goiás – Médico

Grêmio – Advogado

Joinville – Auditor

Palmeiras – Advogado

Ponte Preta – Administrador de Empresas

Santos – Jornalista

São Paulo – Advogado

Sport – Advogado

Vasco – Advogado