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JAIME DE PAULA — Tecnologia e Inteligência Artificial: evolução vai mudar o mundo em cinco anos

Jaime é um visionário, inovador, um verdadeiro Tubarão voador, que enxerga o mercado de cima

Jaime de Paula, founder da Neoway, a maior e mais premiada empresa de Data Analytics e Inteligência Artificial para Negócios da América Latina (Jaime de Paula/Divulgação)
Jaime de Paula, founder da Neoway, a maior e mais premiada empresa de Data Analytics e Inteligência Artificial para Negócios da América Latina (Jaime de Paula/Divulgação)

Este  Papo de Tubarões é com um super Tubarão da Inteligência Artificial: Jaime de Paula, founder da Neoway, a maior e mais premiada empresa de Data Analytics e Inteligência Artificial para Negócios da América Latina e, entre outros títulos, PhD em Inovação pela UFSC e hoje fazendo pós doc. Jaime é um visionário, inovador, um verdadeiro Tubarão voador, que enxerga o mercado de cima.

Vale a pena conhecer mais a respeito dele. Veja a nossa entrevista.

Para começar, que é o Jaime?

Sou catarinense, pai de três filhos e tenho três netos, muitos amigos bons e sou basicamente um empreendedor. Como se diz em Santa Catarina, sou Manezinho de Floripa. Depois que vendi a Neoway  para a B3, me dei ao luxo de voltar a ser pesquisador. Estou fazendo meu pós doutorado na área de IA e também sou pesquisador de inovação para algumas empresas, principalmente na área de tecnologia e IA.  Em 2006, quando fiz meu doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina, já estávamos tentando construir uma linguagem mundial, porque tínhamos professores da Alemanha, da França, americanos, israelenses e já existia o NLP, em que o GPT é baseado.

Depois da venda da Neoway você pensou em se aposentar?

Antes da Neoway eu já tinha vendido uma outra empresa, me aposentei, fui para Miami, joguei golfe por 15 dias e não aguentei. Larguei tudo, voltei e resolvi fazer meu doutorado. Em 2009 criei a Neoway, como uma plataforma Big Data que coleta dados secundários públicos, disponíveis na deep web, e comercializa isso para duas vertentes: uma é a área de sales e marketing, para ajudar as empresas a encontrar os melhores clientes e a outra, para risco e compliance, para ajudar os clientes a perder menos. Em  2021, vendi para a B3.

Acabei de entrar como Head de Inovação da Danki Code.AI , juntando minha experiência como empreendedor com a competência do Guilherme Grillo, meu parceiro. Estamos montando um time muito competente, composto por jovens especialistas  em IA (NLP) e GPT. Para mim, um bom time é fundamental e gosto de me cercar de profissionais melhores do que eu. Temos que ter um time engajado, comprometido, que acredite na ideia, tenha cabeça aberta, assuma a cultura da empresa. Se não for assim, não tem como entrar no time, porque quando a equipe cresce e alguém não se adapta, a própria equipe tira fora.

A Danki Code.AI tem mais de um milhão de usuários em cursos de programação, produz outros conteúdos qualificados, atua em web3, blockchain, Inteligência Artificial , GPT – Large Language Model e desenvolveu várias plataformas de IA, como o app.copygenerator.ai, EbookGenerator.ai e uma plataforma única no mundo, o GPTMAX.ia, que tem o mesmo poder do chatGPT, porém com o selo de verificação (você é quem está respondendo para você), e também com a segurança de ter os posts gravados em Blockchain, o que já é usado por grandes empresas e pelos maiores influencers do Brasil. Estamos focados no desenvolvimento de produtos no setor de IA para B2B e B2C (NLP).

Dizem que o mundo vai se transformar muito nos próximos 5 anos, até 2028. Você vê isso?

Acredito muito nisso. Trabalho com tecnologia desde 1982, passei  literalmente por todas as viradas tecnológicas, todos os breakthroughs e vejo  que a IA não só veio para ficar, como para dominar. Arthur Clarke já falava isso em 1974, Albert Einstein, Steve Jobs, Bill Gates, Elon Musk, todos sempre foram preocupados com isso. E nós, não? Esses cientistas e  empreendedores estariam  todos com uma visão equivocada ou nós não estamos vendo o tamanho no tsunami que vem aí? Essa é uma realidade que veio para ficar. Tem gente tentando parar, mas é mais ou menos como abolir a lei da gravidade: não dá.

É tudo muito rápido, a Open AI lançou o GPT, depois veio o da Microsoft, do Google e tem muita gente lançando produtos similares. Essa tecnologia já estava não mão de todo mundo. O que você acha?

Já havia muita gente estudando o assunto e a OpenAI foi precursora. Daí a Microsoft foi inteligentíssima  por comprar a OpenAI, agora integrada ao Bing, que voltou com força total. O Google correu atrás. Acredito em integrar essas diversas plataformas e passar para uma pessoa que não seja um Data Science, um especialista, mas uma pessoa normal, que esteja trabalhando e usando todas essas tecnologias de forma simples e produtiva.

Quando comecei, em 1982, a memória do computador era uma coisa enorme, um tubarão branco com 84 K. Hoje temos  no bolso um negócio mil vezes mais poderoso. É impressionante como tudo evoluiu e vai evoluir ainda mais. O GPT 3.5 saiu de 175 bilhões de parâmetros  para 100 trilhões. O que mais vem aí? Vários Data Centers, como da Lufthansa e da Bosch na Alemanha, por exemplo,  já estão usando os computadores quânticos, que são 100 vezes, mil vezes mais rápidos que os outros.

Os governos de alguns países estão discutindo se proíbem ou não o uso do Chat GPT. É possível?

Em vez de proibir, é preciso ensinar a usar, porque essa evolução não vai parar. Aliás, vai crescer cada vez mais rápido. O que temos que fazer  é nos aliar, ensinar a usar e capacitar o nosso pessoal. O assunto Inteligência Artificial está super na moda, mas a tecnologia precisa ser aplicada nos negócios, tem que resolver problemas da vida real, de uma empresa, de uma pessoa. Está se falando muito, mas aplicando pouco. Meu foco como pesquisador é exatamente em como aplicar. Não estou aprendendo por aprender, estou aprendendo para usar e mudar.  Essa oportunidade que a IA está trazendo é enorme e a vejo como centro de todas as outras tecnologias, todo mundo gravitando em torno dela. Por isso temos que aprender cada vez mais, há muita coisa além do Chat GPT.

Que produtos estão sendo feitos por esse seu novo empreendimento?

O nosso carro-chefe é o GPTMAX.ai, uma plataforma que é a próxima geração de conteúdo on line e que não terá como ser pirateado, porque a base de dados estará dentro da própria plataforma. Ele tem um selo de verificação e todos os documentos e conteúdos de um determinado assunto, colocados dentro dele, passam por uma curadoria, não vai ter nada fake. O algoritmo vai tratar os dados, organizar o conteúdo fornecido pelo usuário, que poderá comercializar esse conteúdo. Nossa capacidade de memória é uma, a do GPT não tem limite. O usuário cria sua base de informações e poderá regular de que forma o chat vai conversar com quem adquirir esse conteúdo. Quando você entra a fundo no Chat GPT, percebe que ele ainda erra muito, porque tem muita coisa misturada e as informações podem não ser  corretas.

Uma coisa importante é que não estamos lançando produtos pelo dinheiro, e sim pelo bem que irão trazer para uma empresa ou para uma pessoa. Nosso princípio é impactar a vida das pessoas, o dinheiro é consequência, Vale muito mais vermos um post de alguém que foi beneficiado por algo que criamos.

Outro produto é o code quick, que não usa o GPT e  tem modelo próprio para gerar mais códigos, de  forma mais ágil e tornar mais fácil a vida dos programadores. É a próxima geração de conteúdo, não somente com textos: também pode ter áudios,  gráficos e imagens. A plataforma em si é feita apenas uma vez e o usuário cria seu próprio chat, alimenta com dados, carrega tudo o que quiser, criando uma rede neural. Nós estamos partindo de uma base própria de conhecimento para e juntar o melhor de todos os setores de IA e gerar dados a partir de dados. O objetivo é jogar toda a parte complexa para dentro da tecnologia e tornar tudo mais fácil para o usuário. É ele quem alimenta o chat.

Você ainda faz mentorias?

Eu faço mentoria na AbstratoAceleradora.com, em Floripa. Mas atendo no máximo 12 empresas, porque o mentor tem que ensinar, analisar o caso com a pessoa e ver o resultado, fazer a transformação. Meu objetivo é trabalhar com  empreendedores e fazer  com que eles tenham sucesso.

Vamos falar de tecnologia: o que vai acontecer nos próximos anos?

A velocidade das mudanças vai ser mais rápida do que estamos pensando. Não dá para precisar, mas está a mudança geral está muito próxima de acontecer. Vem vindo uma avalanche, um tsunami muito grande e vai gerar desemprego. As máquinas vão fazer muita coisa e por isso a criatividade vai ser cada vez mais valorizada. É preciso incentivar muito os profissionais, preparar com disciplina, porque quem vai sobreviver são as pessoas criativas. Ao mesmo tempo vejo uma mudança grande na área de desenvolvedores: onde hoje falta pessoal,  depois vai sobrar, porque somente ficarão os especialistas, os que criam estratégias e são criativos. Infelizmente o Brasil não tem um programa educacional forte e  é mais teórico do que prático. Por exemplo, o currículo de Engenharia de Software está parado há 3 anos.  É um absurdo, principalmente diante dessas mudanças que vêm por aí. Daqui para a frente, qualquer profissional de qualquer área, ou usa a IA para ser melhor, ou fica para trás.  Acredito muito que a velocidade da tecnologia vai vir para o bem, que o mundo tem muito mais gente boa e, se cada um souber usar bem a tecnologia, vai ser mais valorizado como pessoa, não só financeiramente.

E que mensagem você deixa para nossos leitores?

Minha mensagem é de otimismo e mais que isso, porque quando acontecem mudanças, o  ser humano tem tendência a ficar com medo. Paralisa, foge. Agora é hora  de encarar. Temos que nos juntar com a Inteligência Artificial e tirar dela o melhor.