Ciência

Apesar de pausa nos testes, laboratório chinês defende vacina da covid-19

A Anvisa interrompeu os testes da vacina chinesa CoronaVac na noite desta segunda-feira após um evento adverso grave com um voluntário

Vacina: CoronaVac teve os testes interrompidos pela Anvisa (Paul Biris/Getty Images)

Vacina: CoronaVac teve os testes interrompidos pela Anvisa (Paul Biris/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 10h07.

Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 10h18.

Após a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspender os testes clínicos da vacina chinesa contra o coronavírus, a CoronaVa, no Brasil por conta de um "efeito adverso grave", o laboratório chinês Sinovac Biotech afirmou nesta terça-feira, 10, que mantém a confiança na segurança da vacina experimental. 

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A companhia informou em um comunicado que o incidente relatado pela Anvisa não tem relação com a vacina desenvolvida entre o laboratório e o Instituto Butantan, parceiro brasileiro na produção da vacina.

A suspensão dos testes clínicos da vacina chinesa foi anunciada pela Anvisa na noite desta segunda-feira, 9, após a agência relatar um efeito grave envolvendo um voluntário que tomou a vacina no fim de outubro. O Instituto Butantan, em nota, disse ter sido surpreendido pela decisão.

A vacina CoronaVac já está na terceira e última fase de testes clínicos antes de ser disponibilizada. Mais de 10 mil voluntários receberam doses da vacina.

Nesta segunda, o instituto anunciou que começou as obras necessárias para a fabricação de cerca de 1 milhão de doses diárias da CoronaVac. A obra deverá ser concluída somente no final do ano que vem. Outras 6 milhões de doses virão prontas da China. 100 milhões de doses devem ser fabricadas anualmente pelo laboratório.

O prazo colocado como ideal pelo governo de São Paulo para a conclusão da última fase de testes era no dia 16 de outubro, mas faltaram mais dados e a aplicação da vacina em mais voluntários. Em uma segunda etapa, em novembro, serão feitos testes em grupos específicos, como idosos, crianças e mulheres grávidas.

Sem apresentar pesquisas publicadas ou uma conclusão de estudos, também no mês passado, o governo afirmou que 35% dos voluntários tiveram efeitos colaterais. E, se até recentemente o governador João Doria (PSDB-SP) falava em uma campanha de vacinação iniciada em 15 de dezembro deste ano, o discurso mudou e nenhuma data é citada. A falta de provas preocupa a comunidade científica brasileira. Agora, com a pausa, as expectativas devem se frustrar ainda mais

pausa, comum em testes científicos, não significa que os demais voluntários deixarão de fazer parte da pesquisa, mas sim que a empresa não poderá recrutar novos indivíduos e os demais continuarão a ser monitorados de perto por equipes médicas, a fim de identificar se novos efeitos adversos irão ocorrer. 

Segundo a nota divulgada pela Anvisa, “com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado”. “A Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes”, continua a agência reguladora.

Em setembro, uma pausa aconteceu também nos testes da vacina britânica desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a companha anglo-sueca AstraZeneca. À época, um porta-voz da AstraZeneca descreveu a pausa ao site de notícias de saúde StatNews como “uma ação de rotina que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada em um dos testes, enquanto ela é investigada, garantindo a manutenção da integridade dos resultados”.

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