Estudo aponta que a Lua tem mais água do que o imaginado
A presença de água na Lua já é conhecida. Mas, segundo um novo estudo, ainda é subestimada
AFP
Publicado em 24 de julho de 2017 às 14h54.
A Lua teria quantidades muito superiores de água do que o estimado - indica um estudo publicado nesta segunda-feira (24) na revista Nature Geosciences, o que facilitaria a colonização do satélite e sua utilização como base para reabastecimento de voos interplanetários.
"Encontramos traços de água em todos os lugares nas profundezas da Lua, utilizando dados satelitais", explicou à AFP Shuai Li, da Universidade Brown, em Providence (Estados Unidos), coautor do estudo.
Por muito tempo, a Lua foi percebida como um astro árido, "completamente seco" e de "uma magnífica desolação" - como definiu Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar no satélite.
A presença de água na Lua já não é mais assunto para debates. Em 2008, pesquisadores descobriram moléculas de água no interior do magma trazido à Terra pelos astronautas do Programa Apollo.
"Ainda é preciso descobrir se estas amostras refletiam as condições gerais das entranhas da Lua, ou se representavam regiões excepcionalmente ricas em água, anormais em uma crosta seca", indica Ralph Milliken, também da Universidade de Brown e coautor do estudo.
Usando dados de satélite, os pesquisadores conseguiram esclarecer que os depósitos vulcânicos contêm quantidades excepcionalmente elevadas de água, proveniente das profundezas da Lua.
"Estes depósitos ricos em água estão distribuídos sobre a superfície, comprovando que a água encontrada nas amostras do Apollo não são casos isolados", explica Milliken.
A hipótese mais difundida sobre a origem da formação da Lua é a de uma enorme colisão entre a Terra e um corpo do tamanho de Marte, logo após a formação do Sistema Solar.
Essa descoberta levanta uma questão: como o hidrogênio necessário para a formação de água conseguiu sobreviver às temperaturas extremas causadas por um tal impacto?
De acordo com o estudo, estes depósitos contêm pouca água (menos do que 0,05%), mas são enormes, podendo chegar a até 1.000 quilômetros quadrados. O satélite seria, portanto, "incrivelmente rico em água", segundo os pesquisadores.
A descoberta pode ter uma aplicação concreta no futuro. "A água poderia ser utilizada como um recurso 'in situ' para uma posterior exploração" do espaço, de acordo com Shuai Li.
A água pode ser usada não apenas para as necessidades dos colonos, mas também como agente propulsor. Com isso, seria possível contar com uma espécie de posto de reabastecimento - algo essencial, considerando-se o alto consumo de combustível desde o lançamento da superfície terrestre.