O hobby de Meirelles, desde os tempos em que fazia mestrado no Coppead, no Rio de Janeiro, é a psicologia. Estuda o assunto sempre que encontra uma oportunidade. Faz cursos, lê, conversa com especialistas. "Sempre quis entender as pessoas e a mim mesmo." A psicologia, diz, ajudou-o a se relacionar melhor com o mundo. O resultado é que os profissionais que trabalharam com Meirelles costumam destacar sua "incrível sensibilidade", nas palavras de Rita Manso, no trato com os colegas. "Apesar da objetividade e agressividade com que trabalha, o Henrique não fere as pessoas. E se por acaso faz isso, não se perdoa até que tenha pedido desculpas", diz Rita.

Meirelles gosta de ouvir. Mas se irrita quando seus interlocutores dizem o que não queriam dizer ou se arrependem do que disseram. "A capacidade de se expressar direito, de usar as palavras corretamente, é fundamental." Por outro lado, quando encontra alguém disposto a ouvi-lo, Meirelles se supera. É um interlocutor cheio de histórias para contar. Emociona-se ao relembrar fatos, detalhes de sua vida. Nas palestras, gosta sempre de transmitir uma mensagem, ensinar alguma coisa de sua experiência.

No começo deste ano, ele foi convidado pelo presidente de uma grande corporação americana para um café da manhã. A empresa tinha feito péssimos negócios ao tentar entrar no Brasil e o executivo americano queria saber de Meirelles onde estava o erro. O brasileiro foi preparado. Montou uma apresentação que explicava a história do Brasil, passava pelo governo Collor e, só no final, colocava o foco nos erros cometidos pela empresa. "Mostrei a ele nossa cultura, por que somos diferentes, como pensamos. Foi a única vez na minha vida que vi um presidente de uma multinacional quase chorar de emoção", diz Meirelles.

Estar disposto a ouvi-lo não é o único pré-requisito para trabalhar na equipe de Meirelles. Eis algumas qualidades que ele diz procurar nos integrantes de seu time:

Raciocínio rápido, respostas objetivas

Gostar de trabalhar, de fazer o que tem de ser feito

Inteligência

Sentir prazer, de vez em quando, de parar para uma boa conversa

"Para liderar é preciso ter interesse real pelas pessoas e entender que o que é diferente não é necessariamente errado", diz.