Acompanhe:

Na 2ª onda de covid, mortes caem como cresceram, mas novos casos preocupam

Pesquisa mostra que brasileiros ainda consideram situação grave e continuam com medo

Modo escuro

Continua após a publicidade
Pandemia: as próximas duas semanas serão decisivas para entender o comportamento da doença (Bruno Concha/Secom/Divulgação)

Pandemia: as próximas duas semanas serão decisivas para entender o comportamento da doença (Bruno Concha/Secom/Divulgação)

D
Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2021 às, 12h58.

Por Marcelo Tokarski*

A pandemia de covid-19 segue assustando os brasileiros. De acordo com pesquisa do Instituto FSB, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nove em cada dez brasileiros entendem que a situação hoje no país ainda é grave ou muito grave.

Os mesmos 90% têm algum medo da pandemia, sendo que mais da metade da população (56%) tem medo grande ou muito grande. Mortes de pessoas famosas, como a do ator Paulo Gustavo, na semana passada, costumam deixar as pessoas mais amedrontadas.

Apesar do clima ainda bastante pesado — neste fim de semana chegamos a 422.340 mortes desde o início da pandemia —, os números (ainda altos) melhoram quase na mesma velocidade com que pioraram no início desta segunda onda.

A média móvel de 2.100 mortes diárias registrada neste domingo ainda é absurda — duas vezes maior que o recorde da primeira onda, no ano passado —, mas já está em patamar 33% inferior ao recorde da segunda onda (média de 3.124 óbitos diários, em 12 de abril).

No período de 25 dias entre 18 de março e 12 de abril, quando atingiu o pico, a média móvel subiu de 2.087 para 3.124. Agora, levou quase o mesmo tempo (27 dias) para recuar a 2.100 óbitos diários. Não é pouco. Na primeira onda, após atingir o ápice, a curva de óbitos girou em torno de 1.000 mortes diárias durante três meses, entre o final de julho e o final de agosto, para só então começar a cair.

Casos

Já a curva de casos tem apresentado comportamento distinto. Ela atingiu seu ponto máximo em 27 de março, quando a média móvel atingiu 77.129 novos casos em média registrados por dia.

Depois, entrou em trajetória de queda, chegando a 56.533 casos/dia em 23 abril, um recuo de 27% em quase um mês.

A diferença é que, nos últimos 15 dias, a média móvel de casos voltou a crescer, tendo atingido 61.411 no último domingo, uma leve alta de 9% em 16 dias. Ainda é cedo para dizer se configura uma tendência, mas este é um fenômeno já visto em outros países. À medida que a vacinação avança, o número de mortes começa a cair, mesmo que o de casos apresente crescimento.

Isso pode ocorrer porque a vacina não necessariamente imuniza por completo, mas diversos estudos mostram que pessoas vacinadas, se contaminadas, tendem a ter sintomas mais leves.

Mas o pequeno crescimento de 9% no número de novos casos (que em algumas comparações ainda é considerado estabilidade) também pode ser efeito do afrouxamento das medidas restritivas de circulação na maior parte do país. Com a queda no número de mortes, prefeituras e governos estaduais têm flexibilizado a abertura do comércio, levando mais gente a circular pelas ruas, o que pode estar favorecendo o contágio.

Um exemplo é o Distrito Federal, que apresenta queda significativa no número de óbitos, mas viu a taxa de transmissão (Rt) crescer de 0,87 para 0,98 nos últimos 30 dias. Quando está acima de 1,0, significa que a pandemia está acelerando naquela localidade. O índice na capital do país havia chegado a 1,38 no início de março, quando foram decretados o fechamento do comércio e o toque de recolher. Com isso, a taxa foi a 0,87 em 11 de abril, mas desde então voltou a crescer, voltando agora a se aproximar de 1,0.

E o futuro de curto prazo?

A dúvida agora é quanto à evolução da pandemia nas próximas semanas. É preciso ficar atento ao comportamento do número de casos, para saber se esse crescimento atual irá perdurar ou se voltaremos a uma tendência de queda. Isso porque aumento de casos costuma impactar no aumento do número de óbitos depois de duas ou três semanas.

Outra variável importante nessa equação é a velocidade da campanha de imunização. O problema é que ela vem perdendo ritmo. No final de abril, a média móvel chegou a superar a casa de 1 milhão de doses aplicadas por dia. Mas nos últimos dez dias, com a falta de insumos, essa média caiu quase 25%, girando agora no patamar de 760 mil doses diárias. Com isso, o Brasil tem hoje 8,4% da população imunizada com as duas doses da vacina, além de outros 8,3% que receberam apenas a primeira dose.

Por enquanto, a matemática da pandemia dá sinais bons (mortes em queda) e ruins (casos em alta e vacinação perdendo ritmo). As próximas duas semanas serão decisivas para entendermos o que nos espera.

*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

Siga Bússola nas redes: Instagram | LinkedInTwitter  |   Facebook   |  Youtube

Veja também

Últimas Notícias

Ver mais
Negociações na OMS sobre acordo para futuras pandemias ainda enfrentam obstáculos
Mundo

Negociações na OMS sobre acordo para futuras pandemias ainda enfrentam obstáculos

Há 3 dias

Moraes dá 15 dias para PGR avaliar denúncia contra Bolsonaro por fraude nos cartões de vacina
Brasil

Moraes dá 15 dias para PGR avaliar denúncia contra Bolsonaro por fraude nos cartões de vacina

Há uma semana

SP: escolas públicas iniciam campanha de multivacinação nesta segunda
Brasil

SP: escolas públicas iniciam campanha de multivacinação nesta segunda

Há uma semana

ONU: mundo pós-covid se recupera, mas se esquece dos mais pobres
Mundo

ONU: mundo pós-covid se recupera, mas se esquece dos mais pobres

Há 2 semanas

Continua após a publicidade
icon

Branded contents

Ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

Leia mais