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Chuva escura em São Paulo tem relação com queimadas, dizem especialistas

Pesquisadoras analisaram água escura entregue por moradores da capital, e encontraram fuligem e uma substância que só é produzida com queima de vegetação

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São Paulo: cidade teve dia que virou noite com nuvens escuras (NurPhoto/Getty Images)

São Paulo: cidade teve dia que virou noite com nuvens escuras (NurPhoto/Getty Images)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de agosto de 2019, 18h53.

Última atualização em 22 de agosto de 2019, 07h35.

A água cinza e com forte cheiro de fumaça, coletada com a chuva no mesmo dia em que o céu de São Paulo escureceu às 15h30, foi resultado de queimadas das regiões Norte, Centro-Oeste e de países vizinhos. A conclusão é de duas pesquisadoras, que analisaram a água escura entregue por moradores da capital, e encontraram fuligem e uma substância que só é produzida com a queima de vegetação.

Para a professora Pérola de Castro Vasconcellos, pesquisadora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), não há dúvida de que a coloração foi causada pela fumaça de incêndios em florestas. Isso porque na amostra havia quantidade importante de reteno, material que só é formado quando há queima de biomassa - árvores, troncos e matas, por exemplo.

"Se eu encontro o reteno em uma amostra, aquela amostra tem influencia de queimada", diz Pérola. "Isso não vai vir da indústria, nem da queima de combustível."

A professora não mediu a quantidade do material na água - o que pode levar mais de um mês. Mas, segundo Pérola, a presença do componente e a coloração tão fora do comum deixam pouca dúvida de que o escurecimento da chuva tenha sido provocado pela queima de vegetação.

A conclusão da professora Marta Marcondes, da Universidade de São Caetano do Sul, é semelhante. Ela analisou quatro amostras coletadas no mesmo dia - duas em São Mateus, na zona leste da capital, uma em São Bernardo do Campo e outra em Diadema.

Apesar de não ter isolado o reteno, a análise de Marta encontrou outras evidências: altos índices de sulfetos - que são indicadores de queima - e também alta quantidade de material particulado, a fuligem. A quantidade de sulfetos na água era dez vezes maior do que o normal, segundo a professora.

"Aliado o resultado que eles tiveram lá ao que a gente viu aqui no laboratório, nós estamos acreditando que, realmente, esse material veio dessas queimadas", disse Marta. Ela ainda deve analisar a quantidade de compostos com carbono e a presença de micro-organismos, que podem indicar a origem da fumaça.

Um relatório do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), divulgado na terça-feira, 20, diz que a névoa de fumaça tinha origem em queimadas que ocorrem simultaneamente em diferentes pontos da América do Sul.

"Parte deste material é de origem local e oriundo da Amazônia, mas outra parte considerável, talvez a predominante, de queimadas de grandes proporções, originadas nos últimos dias perto da tríplice fronteira da Bolívia, Paraguai e Brasil, próximo da região de Corumbá, no Pantanal Sul-Matogrossense", diz o relatório. O número de focos de queimada no País já é o maior desde 2013.

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