Antonio Lucio, da HP: "Diversidade também é uma questão de negócios" (Germano Lüders/Exame)
Marina Filippe
Publicado em 24 de maio de 2018 às 06h01.
Última atualização em 24 de maio de 2018 às 09h29.
Nascido na Espanha, criado em Porto Rico e hoje baseado nos Estados Unidos, Antonio Lucio é responsável pela divisão global de marketing da empresa de tecnologia HP desde 2015. Uma de suas missões é promover o time mais diverso possível para atingir todo tipo de consumidor. Desde outubro de 2016, essa tarefa passou a incluir os 1.000 funcionários que trabalham com a marca nas cinco principais agências de publicidade que prestam serviço para a HP no mundo todo. Numa visita recente a São Paulo, Lucio falou a EXAME.
Por que a HP decidiu impor metas de diversidade para os fornecedores?
Diversidade é uma questão de negócios, e não só de valores. No mundo, 51% das receitas de computadores HP são geradas por mulheres. No caso das impressoras, elas são responsáveis por 49% das receitas. Só é possível conseguir uma fatia de compra tão grande desse importante grupo economicamente ativo se soubermos como abordá-las e se as tivermos como colaboradoras em nosso time estratégico.
Como a companhia abordou as agências de publicidade?
Demos aos presidentes de nossas seis principais agências de publicidade no mundo a missão de criar os próprios planos para aumentar o número de funcionários do sexo feminino e negros, principalmente em posições de liderança. Nosso papel foi avaliar os indicadores e ajudar a pensar nas possibilidades para que eles se concretizem.
Quais são os resultados até agora?
Agora, um ano depois, 60% das 1 000 pessoas que trabalham para a HP no mundo são mulheres. Quando começamos, há um ano, o índice era de 40%. Nas posições de liderança saímos do zero para 52%. No caso de negros, das cinco agências globais, apenas duas chegaram ao objetivo que traçaram. Nelas, o número de negros em posições de liderança foi para cerca de 30%. Em 2018, temos de assegurar a continuidade desse progresso.
Qual foi o fator-chave para atingir esses resultados?
O envolvimento direto dos presidentes dessas empresas. Eles são essenciais para melhorar seus resultados e, de quebra, conseguem aplicar as melhorias com outros clientes.
Qual é o retrato da diversidade dentro da própria HP?
Na HP, temos uma diretoria global bastante distinta, na qual 48% dos integrantes são mulheres ou negros. Além disso, nossa visão é construída por um presidente australiano que já viveu em todo o mundo. Na minha área, 50% dos funcionários em cargos de liderança, que reportam a mim, são mulheres. E percebemos a necessidade de assegurar índices semelhantes também nos prestadores de serviços.
E, no Brasil, como o tema faz parte do dia a dia dos negócios?
Temos uma série de iniciativas que começam no recrutamento, ao garantir o equilíbrio de gênero entre os candidatos. E segue por toda a carreira da funcionária com projetos de liderança feminina, flexibilidade para mães e trabalho de casa.
Qual é a importância da atuação dos homens como aliados desse tipo de movimento?
Somos todos aliados dos diferentes pilares de diversidade. Tenho cinco filhas e quero um mundo melhor para elas. Mas não falo como Antonio Lucio. Falo como o representante de uma equipe em que a diversidade é fator-chave para a inovação e para a oportunidade de crescimento.